Centenas de artefatos antigos, incluindo tiaras de ouro puro, foram desenterrados de túmulos da elite da Idade do Bronze na ilha de Chipre, no Mar Mediterrâneo, por arqueólogos.
Para quem tem pressa:
Os achados mostram a grande riqueza das pessoas ali enterradas, que viviam do comércio de cobre – na época, um metal crucial para fazer bronze – na ilha.
Os artefatos incluem muitos importados para Chipre de outras grandes culturas da região, incluindo os minóicos em Creta, os micênicos na Grécia e os antigos egípcios.
Elite da Idade do Bronze
O arqueólogo Peter Fischer, professor emérito da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, disse que os objetos importados confirmam a extensão do comércio mediterrâneo durante o final da Idade do Bronze, entre 1640 a.C. e 1050 a.C.
As inúmeras descobertas de ouro, provavelmente importadas do Egito, demonstram que os egípcios receberam cobre em troca.
Peter Fischer, arqueólogo e professor emérito da Universidade de Gotemburgo
Os arqueólogos também encontraram itens do cotidiano, como espinhas de peixe de água doce do Nilo.
“Eles vieram com navios egípcios ou com tripulações cipriotas que retornavam, demonstrando o intenso comércio entre essas culturas”, disse Fischer.
Artefatos preciosos
Fischer e seus colegas têm escavado um empório comercial da Idade do Bronze em Hala Sultan Tekke, na costa sul de Chipre, desde 2010. E eles descobriram as tumbas da elite no começo de 2023.
As duas tumbas continham mais de 500 artefatos. Entre eles, estavam:
Vários itens foram feitos de marfim e um tipo de cerâmica chamado faiança, trazida do antigo Egito, de acordo com um comunicado da Universidade de Gotemburgo.
Entre os artefatos mais notáveis estão os diademas de ouro, gravados com imagens de touros, gazelas, leões e flores.
Embora pareçam ter um estilo minoico, os diademas provavelmente foram feitos no Egito durante a 18ª dinastia, por volta de 1550 a.C. e 1295 a.C. – e talvez na época do faraó Akhenaton e Nefertiti, de acordo com o comunicado.
Ricos pelo cobre
Fischer disse que a riqueza das elites da ilha se baseava no controle das minas de minério de cobre nas montanhas Troodos, no oeste de Chipre.
O cobre era ligado ao estanho para fazer bronze, por isso era muito procurado.
[As tumbas] estão entre as mais ricas já encontradas na região do Mediterrâneo. Os artefatos preciosos da tumba indicam que seus ocupantes governaram a cidade, que era um centro para o comércio de cobre no período entre 1500 e 1300 aC.
Peter Fischer, arqueólogo e professor emérito da Universidade de Gotemburgo
Naquela época, “Chipre era um ‘cadinho’ de culturas, provavelmente dominando o comércio no Mediterrâneo oriental”, acrescentou ele.
Túmulos de famílias
Os pesquisadores descobriram as tumbas de elite nos arredores da vasta cidade antiga de Hala Sultan Tekke usando magnetômetros, que medem o campo geomagnético para revelar onde a terra subterrânea foi perturbada no passado.
Cada tumba tinha várias câmaras conectadas à superfície por uma passagem estreita; e continham os restos mortais de várias pessoas, incluindo os de uma mulher enterrada ao lado de uma criança de 1 ano.
É possível que os túmulos fossem reais, mas pouco se sabe sobre a forma de governo em Chipre naquela época, segundo Fischer.
Os túmulos são obviamente túmulos de família… mantendo a família unida na vida após a morte.
Peter Fischer, arqueólogo e professor emérito da Universidade de Gotemburgo
Fischer disse que os pesquisadores usarão a análise de DNA para determinar como as pessoas enterradas nas tumbas estavam relacionadas.
Já a análise das proporções de diferentes isótopos (formas nucleares) de estrôncio nos ossos pode lançar luz sobre suas origens geográficas.
“Temos resultados preliminares que confirmam a multiculturalidade dos habitantes de Hala Sultan Tekke”, disse o arqueólogo.
Com informações de Live Science
Fonte: Olhar Digital
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