‘País do futebol’ até 2026, Estados Unidos começa ciclo com turbulência

“País do futebol” pelos próximos anos, os Estados Unidos deram uma primeira amostra decepcionante na Copa Ouro. Sede da Copa do Mundo de 2026, os EUA começaram a ronda de competições que vão ser sediadas no país com uma queda precoce, na semifinal, contra o Panamá. Em 12 edições neste século, esta é apenas a terceira vez que a seleção não chega na decisão.

A Gold Cup deste ano acontece justamente nos EUA, e é apenas o aperitivo de um país que se propôs a concentrar (quase) todo futebol de seleções. Além da Copa Ouro, ainda virão a Copa América de 2024 e a Copa do Mundo, esta em sede compartilhada com Canadá e México – a edição vai marcar uma nova era do torneio, com 48 seleções e mais de 100 jogos.

Os Estados Unidos iniciaram uma reformulação após a Copa do Mundo, ainda que a participação da seleção esteja dentro da média esperada – caíram nas oitavas de final para a Holanda. O país não passa desta fase desde a Copa de 2002, quando foi eliminado nas quartas.

Gregg Berhalter, técnico da seleção no Catar, foi demitido em razão do desempenho, mas também por uma relação turbulenta nos bastidores. O treinador é investigado por violência doméstica e trocou fárpas com o jovem Giovanni Reyna, classificando o jogador do Borussia Dortmund como “descompromissado”. 

A ideia de novos ares para a seleção, porém, durou muitou pouco. Assim como o Brasil, os Estados Unidos encontraram dificuldade para escolher o treinador substituto e vêm sendo dirigidos interinamente pelo pouco conhecido Brian Callaghan. O plot twist é que, diante desse cenário, Gregg Berhalter já tem retorno confirmado para a seleção, numa espécie da “volta dos que não foram”. O ex e agora novo treinador assinou contrato em junho para comandar os EUA até a Copa de 2026, mas só assumirá o cargo efetivamente a partir de setembro.

A Copa Ouro, teoricamente, está para a seleções da Concacaf como a Copa América está para as seleções da Conmebol ou a Eurocopa está para os países da Uefa. Isso, porém, é uma meia verdade.

Com um claro desequilíbrio histórico, a Copa Ouro é amplamente dominada pelos Estados Unidos e pelo México desde sua concepção. Em sua 17ª edição, o torneio tem 15 títulos divididos entre os países, com oito para o México e sete para os EUA – apenas em 2000 nenhuma das duas seleções esteve na final, que foi vencida pelo Canadá contra a seleção Colombiana, à época convidada do torneio.

Tamanho é o favoritismo habitual de Estados Unidos e México que essas seleções frequentemente disputam outros torneios como convidadas, como a Copa América de 2016. Em 2024, a próxima Copa América deve ver novamente essas seleções, em um acordo firmado entre Conmebol e Concacaf para turbinar a competição, que incluirá todas as 10 seleções da América do Sul mais seis representantes da América Central, Caribe e América do Norte.

Dado todo o contexto, explica-se o porquê dos Estados Unidos não terem se esforçado para contar com o técnico Gregg Berhalter já na Copa Ouro, afinal nem os principais jogadores do país foram convocados. Dos 26 jogadores que estiveram no Catar, apenas sete foram chamados para o torneio: Matt Turner (Arsenal), Sean Johnson (Toronto), Aaron Long (Los Angeles FC), Yedlin (Inter Miami), Cristian Roldán (Seattle Sounders), Jordan Morris (Seattle Sounders) e Jesús Ferreira (FC Dallas).

Na prática, a seleção convocada pelo interino Brian Callaghan tem poucos jogadores que atuam fora da América do Norte e o único deles que é titular de seu clube é o lateral Bryan Reynolds, da Roma, que estava emprestado ao Westerlo (Bélgica). Com uma seleção renovada, a média de idade dos jogadores caiu dos 25 para os 24 anos, sendo assim a seleção mais jovem da Gold Cup ao lado de Cuba.

Durante toda a Copa Ouro, pode-se dizer, a participação dos Estados Unidos foi aos “trancos e barrancos”. Em cinco jogos, apenas duas vitórias com goleadas diante seleções com uma abissal diferença técnica, basta ver o Ranking da Fifa. Um 6 a 0 contra Trinidad e Tobago, 101º no raking, e outro 6 a 0 contra São Cristóvão, 136º, não passaram de uma obrigação – atualmente os Estados Unidos estão em 11º no ranking. Fora esses resultados, diante do mínimo de exigência, a seleção empatou com Jamaica, Canadá (avançando nos pênaltis) e Panamá (caindo nos pênaltis).

O início de ciclo dos Estados Unidos não poderia ser mais caótico e decepcionante. A boa desculpa é que não contou nem com seu treinador, nem com suas estrelas na Copa Ouro. Se isso serve de consolação, o resultado dos testes futuros dirá com maior precisão.

Fonte: Ogol

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