O Universo é muito antigo. Quanto a essa afirmação não há muitas dúvidas, agora a idade dele não é nada simples de determinar e de acordo com o físico Rajendra Gupta, da Universidade de Ottawa, no Canadá, podemos ter identificado uma idade bem diferente até hoje.
A teoria de Gupta indica que o Big Bang pode ter ocorrido há cerca de 26,7 bilhões de anos, o dobro do considerado até hoje. O físico chegou a essa conclusão ao analisar a chamada “hipótese da luz cansada” juntamente com as “constantes de acoplamento”.
Esse estudo começou a ganhar força por conta do Telescópio James Webb, que descobriu galáxias primitivas em um estado avançado de evolução. Essas galáxias, existindo apenas 300 milhões de anos ou mais após o Big Bang, parecem ter um nível de maturidade e massa tipicamente associado a bilhões de anos de evolução cósmica, o pode colocar elas em incompatibilidade com a idade atual do Big Bang.
Nosso modelo recém-desenvolvido estende o tempo de formação da galáxia em vários bilhões de anos, tornando o universo de 26,7 bilhões de anos, e não 13,7 como estimado anteriormente
Rajendra Gupta Professor adjunto de física na Faculdade de Ciências da Universidade de Ottawa
Como é determinada a idade do Universo?
A forma como sabemos a idade do nosso universo é basicamente observando a distância que os objetos estão de nós, ou melhor, a luz que eles emitem. Como o Universo está em constante expansão, a luz dos objetos mais antigos está sendo puxada há mais tempo.
Isso faz com que essas luzes tenham um tom mais avermelhado. Ou seja, quanto mais velho, mais vermelho. Com base nisso é possível determinar o quanto o Universo expandiu e consequentemente a sua idade.
Porém, essa não é a única explicação para as luzes vermelhas. É aí que entra a hipótese da luz cansada, proposta pela primeira vez em 1929 pelo astrônomo Fritz Zwicky.
A teoria propõe que desvio para o vermelho da luz de galáxias distantes se deve à perda gradual de energia por fótons em vastas distâncias cósmicas. No entanto, foi visto em conflito com as observações. Gupta descobriu que “ao permitir que essa teoria coexista com o universo em expansão, torna-se possível reinterpretar o desvio para o vermelho como um fenômeno híbrido, em vez de puramente devido à expansão”.
Outra teoria usada por Gupta é a das constantes de acoplamento, proposta por Paul Dirac. Nesse caso, essas constantes comandam as interações entre partículas. Gupta acredita que elas podem ter variado ao longo do tempo.
“Ao permitir que evoluam, o prazo para a formação das primeiras galáxias observadas pelo telescópio Webb em altos desvios para o vermelho pode ser estendido de algumas centenas de milhões de anos para vários bilhões de anos. Isso fornece uma explicação mais viável para o nível avançado de desenvolvimento e massa observados nessas antigas galáxias”, diz a Universidade de Ottawa.
O físico ainda indica que outras interpretações podem precisar ser feitas em teorias tradicionais como a da “constante cosmológica”, introduzida inicialmente por Albert Einstein, e alterada posteriormente. Essa teoria considera a energia escura, ainda muito desconhecida, e ajuda a explicar a expansão acelerada do Universo.
Se comprovada a teoria de Gupta, ela pode mudar a forma como enxergamos o nosso passado definitivamente.
Fonte: Olhar Digital
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