Quando pensamos na radiação normalmente associamos os efeitos dela ao corpo humano. Entretanto, circuitos e sistemas eletrônicos estão sendo cada vez mais afetados por esse problema, principalmente no espaço, onde a constelação de satélites vem aumentando constantemente.

Sem a proteção da camada de ozônio, o ambiente espacial é muito mais vulnerável à radiação emitida pelo Sol. Se a presença humana por lá é pequena, o mesmo não se pode dizer dos equipamentos eletrônicos. Satélites, módulos e todo tipo de dispositivo usado no espaço precisa ter uma atenção redobrada com esse perigo.

“O Sol emite muitas partículas energizadas mais próximo da Terra, e também podem vir algumas partículas de outras galáxias. Mas, para qualquer aplicação espacial de satélite ou entre planetas, todo o circuito integrado vai passar por uma forte chuva de íons que batem nesse material e pode causar pulsos de corrente que podem fazer com que o circuito se degrade.”

Fernanda Kastensmidt, membro do IEEE e professora no Instituto de Informática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Apesar do risco, esse problema pode ser mitigado “existem diferentes técnicas em software, em hardware e em materiais que podem proteger estes circuitos da radiação e evitar falhas permanentes”, explica a especialista.

O que pode ser feito para evitar radiação?

Kastensmidt liderou a criação do  primeiro chip resistente à radiação no Brasil, há 10 anos. Esse ponto, inclusive, é fundamental, já que para evitar problemas com radiação em eletrônicos é preciso estar atento aos fatores que tornam eles vulneráveis.

A radiação é capaz de queimar o circuito, ou então gerar falhas que afetem as informações geradas pelo sistema, o que pode tornar a identificação do erro difícil.

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Imagem: Satélite da Starlink, associada à SpaceX, na órbita da Terra. Créditos: Aleksandr Kukharskiy/Shutterstock

“É possível usar uma cobertura de algum material para reduzir a interferência da radiação, mas, no espaço, não existe nenhuma coisa que seja tão espessa e tão grande que consiga evitar que qualquer partícula de radiação passe por ela, então ela sempre vai passar, mas pode passar com menos intensidade”, comentou a especialista.

No solo, a exposição a radiação também existe, mas é menor devido a filtragem realizada pela atmosfera. Entretanto, alguns segmentos da indústria podem sofrer com isso e vem se preparando, como por exemplo carros autônomos, que dependem de uma série de sensores que podem ser vulneráveis a esse tipo de energia.

No espaço, as agências já estão acostumadas com o problema, e as missões já são preparadas para se protegerem da radiação.