Ao longo da última década, a Meta foi constantemente criticada pela forma como lida com a moderação de conteúdo em suas plataformas, sendo inclusive acusada de permitir a disseminação de notícias falsas e discurso de ódio no Facebook, WhatsApp e Instagram. Para o Threads, no entanto, a empresa vai adotar uma abordagem diferente e delegar aos usuários a definição de quais tipos de conteúdo vão aparecer para eles.

É o que diz Nick Clegg, presidente de assuntos globais da Meta, em uma entrevista ao jornal Washington Post. O executivo afirmou que, conforme o Threads for sendo desenvolvido e ganhando novos recursos, a Meta pretende dar aos usuários o controle sobre qual tipo de conteúdo é exibido em suas linhas do tempo — inclusive os posts mais controversos da plataforma.

É uma estratégia similar à que já vem sendo adotada no Facebook, e que tira da empresa a decisão sobre qual tipo de conteúdo pode ou não na plataforma, oferecendo aos usuários a possibilidade de definir se vão ou não ser expostos a determinados tipos de postagens.

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(Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

Esse tipo de abordagem também é similar à encontrada em plataformas rivais, como Mastodon e BlueSky, que dão opções aos usuários para eles escolherem, por exemplo, se imagens de nudez explícita vão ser exibidas para eles ou não.

Meta quer evitar problemas legais e políticos com o Threads

As críticas feitas ao algoritmo do Facebook e do Instagram já causaram prejuízos imensos à Meta, o que inclui processos judiciais e até mesmo questionamentos políticos — Mark Zuckerberg já precisou depor diante do Congresso dos EUA para explicar as decisões da sua empresa.

A empresa não quer repetir isso com o novo produto. A decisão de deixar a moderação para os usuários também vai de encontro com uma declaração recente de Adam Mosseri, chefão do Instagram, que afirmou que o Threads não vai encorajar posts políticos e noticiosos na plataforma. Esses conteúdos costumam atrair discussões mais acaloradas que podem facilmente resultar em discurso de ódio, por exemplo.

Nick Clegg comentou a declaração de Mosseri, e afirmou que a ideia não é suprimir a distribuição desse tipo de conteúdo. “Isso seria absurdo”, afirmou o executivo, adicionando que o que Mosseri quis dizer é que a empresa não vai impulsionar conteúdos noticiosos na plataforma como o Facebook fez no passado, nem criar uma aba especial para destinar esse tipo de postagem.

Ainda assim, mesmo com a moderação ficando a cargo do próprio usuário, a Meta afirma que quem tiver uma conta no Threads ainda vai precisar seguir as diretrizes de conteúdo da plataforma, que são as mesmas do Instagram: discurso de ódio e assédio, por exemplo, não são permitidos. E, como as plataformas são bastante integradas, quem perder a conta no Instagram por violar os termos de uso também vai ter o perfil do Threads apagado.

Via The Washington Post

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