Embora investigadores federais digam que eles podem levar até 18 meses para determinar por que o Titan realmente implodiu, já é possível reconhecer alguns pontos fracos no design do submarino, segundo o jornal The New York Times.
Entenda a seguir as três principais fraquezas do projeto do submersível, que implodiu durante uma visita às profundezas do oceano no dia 18 de junho.
Formato frágil
O primeiro ponto levantado por engenheiros entrevistados pelo jornal diz respeito ao design da cápsula que transportava os passageiros. Habitualmente, os submersíveis adotam um formato de esfera, porque ele distribui a força da pressão uniformemente ao longo do casco.
No entanto, o Titan incorporou um formato em pílula. Com isso, apesar de o submarino transportar mais passageiro, o projeto é inferior na hora de suportar as forças da compressão enfrentadas no fundo do mar.
Sobre isso, vale saber que a aproximadamente 4 km no oceano profundo – onde está o Titanic – cada polegada quadrada de um submersível experimenta três toneladas de pressão. Ou seja, é uma pressão realmente capaz de deformar materiais.
Ao mudar a geometria do casco de uma esfera para um tubo longo, teria sido necessário adotar um material mais forte e mais grosso para suportar tamanha pressão, explicou Tim Foecke, metalúrgico forense aposentado. Segundo ele, em dois cascos com o mesmo material e a mesma espessura, o maior se curvaria primeiro.
Barato, porém inadequado
O segundo motivo apontado é referente ao material usado no casco. Enquanto engenheiros usaram titânio na construção do submersível Alvin – um submersível que já completou mais de 4,5 mil mergulhos desde 1973 –, a OceanGate utilizou fibra de carbono na maior parte do casco.
Segundo especialistas, o titânio é forte contra compressão e tensão. Já a fibra de carbono é mais eficaz em resistir às forças de tração – ou seja, resiste a puxões antes de quebrar, mas deforma se for empurrado ou comprimido.
Além da economia na fabricação do submarino, a escolha do material permitiu reduzir o peso do Titan para menos de uma tonelada, em comparação com as mais de duas toneladas do Alvin.
“Essa redução de peso nos permite transportar uma carga útil significativamente maior, que usamos para transportar cinco membros da tripulação”, disse Stockton Rush, executivo-chefe da OceanGate, em um comunicado de imprensa da empresa no ano passado.
Desafio na junção
Outro ponto levantado pelos engenheiros entrevistados diz respeito à junção de materiais diferentes. No caso do Titan, o casco foi projetado para se colar com semiesferas de titânio nas pontas.
Porém, diferentes materiais reagem de forma diferente à força da compressão. Por isso, é realmente desafiador conseguir manter a vedação entre na junta onde a fibra de carbono se encontrava com titânio.
Segundo especialistas, a fibra de carbono comprimiria mais rapidamente do que o titânio no fundo do mar, colocando tensão na junta de cola. Para piorar, a umidade e o sal marinho podem ter contribuído para a degradação da fibra de carbono e da cola usada na junção, conforme explicou Kedar Kirane, engenheiro mecânico especializado em danos, fraturas e fadiga em compósitos reforçados com fibras.
Via The New York Times.
Fonte: Olhar Digital
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