Com o passar dos anos, nos acostumamos com o El Niño, fenômeno natural que aquece as águas do Oceano Pacífico equatorial acima do normal, alterando vento, temperaturas e outros aspectos do clima terrestre.
Mas se acostumar, não é aceitar, pois “precisamos entender que [ele] altera a vida de milhares de pessoas em muitos locais do planeta“, segundo a meteorologista do Climatempo, Josélia Pegorim.
Origens do El Niño
Influência na vida das pessoas
Os oceanos e a atmosfera estão sempre conversando e, como a atmosfera é um fluido, isso acaba refletindo em outras áreas do globo. Existem as chamadas teleconexões, que acabam trazendo esses efeitos.
Desirée Brandt, meteorologista da Nottus, em entrevista ao UOL
O aquecimento anormal do Pacífico equatorial provoca alterações na forma como o vento circula, bem como na distribuição da umidade e até como a chuva vai cair em boa parte do globo.
Entidades e cientistas demonstram preocupação que algumas regiões podem ficar mais úmidas que o normal, enquanto outras podem ficar muito secas. Essas mudanças tendem a causar catástrofes naturais.
O El Niño deixa a atmosfera mais quente, o que o conecta a outros fenômenos naturais, piorando questões relacionadas ao aquecimento global. Some isso ainda à atual onda de calor, que, entre 1998 e 2017, mataram mais de 166 mil pessoas no mundo todo, segundo dados da OMS – e seguem “atacando” nos EUA e Europa, por exemplo.
“Com o aumento de gases de efeito estufa que nós estamos jogando nas atmosferas, as ondas de calor estão mais frequentes”, explicou Pegorim. E isso deve piorar. Entre 2000 e 2016, pelo menos 125 milhões de pessoas passaram a ficar expostas ao fenômeno.
E como fica o Brasil?
Por aqui, o El Niño deve provocar chuvas intensas na região sul. Isso se deve porque oceanos mais quentes auxiliam na injeção de mais água na atmosfera, estimulando a formação de mais chuva.
No inverno, a condição já é esperada nos estados de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, e o aumento pluvial decorrente do fenômeno pode agravar o risco de enchentes e deslizamentos.
A meteorologista do Climatempo afirma ser importante que as autoridades aumentem a quantidade de informações sobre o que fazer e o que não fazer nessas situações. A Defesa Civil de cada região costuma cumprir com essa missão.
Desastres também nos setores da sociedade
Os efeitos causados pelo efeito natural causaram mais doenças, entre 2,5% a 28% se compararmos com anos sem o El Niño, mostrando impactos na queda da economia de vários países. Segundo Brandt, é importante saber como os pólos agrícolas do Brasil serão afetados.
“Em grande parte do Brasil, o fenômeno muda a qualidade da chuva. Por exemplo, existe o risco da queda de granizo, o que traz enorme prejuízo para as lavouras”, disse.
As variações influenciam no preço dos alimentos, considerando que a agricultura depende de certas condições para cumprir seu ciclo natural. Já Pegorim acrescentou que nosso comportamento muda conforme as condições climáticas.
Exemplo: Quando há mais dias de calor, as roupas de inverno costumam ficar paradas nos estandes e prateleiras das lojas brasileiras. A conta de luz também tende a aumentar com o uso de equipamentos resfriadores, como ar-condicionado, ventilador e mesmo a geladeira (que intensifica o uso de seu motor para se manter bem fria).
Ainda segundo Pegorim, o El Niño não é como uma frente fria tradicional, que é previsível e tem tempo de duração estimado. “As pessoas não ficam se perguntando quando ele vai chegar. Ele não chega, você não vai fazer um café para tomar com ele à tarde”, brincou a meteorologista.
Com informações de UOL
Fonte: Olhar Digital
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