Um estudo recente indica que as ravinas morfológicas encontradas em algumas encostas íngremes de Marte podem ter se formado por um líquido em cascata que surgiu quando o planeta estava inclinado de lado.
De acordo com os cientistas, as ravinas de Marte descobertas são semelhantes aos canais que se formam na Terra em vales secos da Antártica — quando ocorre o derretimento das geleiras. Dessa forma, o estudo indica que as ravinas são um indício de que a água já fluiu pelo planeta.
O problema é que as ravinas de Marte estão presentes em alturas onde a água líquida não é esperada sob o atual clima marciano. Afinal, o ar do planeta vermelho atualmente é frio e rarefeito, principalmente nas altitudes mais altas (onde estão as ravinas).
Como foi o estudo?
Os pesquisadores investigaram como os tempos de maior inclinação em Marte levariam a oscilações extremas entre o inverno e o verão com climas potencialmente mais favoráveis para formar água no estado líquido.
No estudo, cientistas do planetário da Brown University Caltech, NASA e University of California simulam como o clima de Marte diferia quando seu eixo ficava inclinado em diferentes quantidades nos últimos milhões de anos.
Usando um modelo global 3D do clima marciano inclinado em 35 graus, as calotas polares derreteram parcialmente, elevando a pressão atmosférica e provocando temperaturas mais altas durante o verão. Dessa forma, a pressão atmosférica ficaria acima do ponto triplo da água possibilitando o derretimento do gelo para formação dos líquidos.
O estudo indica que essas condições aconteceram repetidamente nos últimos milhões de anos, a mais recente aconteceu há cerca de 630.000 anos.
Atualmente nas áreas de voçorocas – regiões onde grandes buracos se formam – há muito gelo próximo da superfície e provavelmente tiveram muito mais nos últimos milhões de anos. Por isso, os pesquisadores acreditam que durante períodos de alta inclinação axial do planeta, muito desse gelo (composto por água) pode ter se derretido e formando ravinas nas áreas de alta densidade onde são vistos atualmente.
Ou seja, a combinação de gelo derretido, sublimação de dióxido de carbono e alta obliquidade (inclinação) podem explicar as ravinas vistas em Marte.
Como explica James Dickson, cientista planetário do Instituto de Tecnologia da Califórnia em Pasadena, a partir desse estudo será possível prever que “quando a órbita de Marte se inclinar novamente, ela será capaz de gerar água derretida nesses locais de ravinas”.
Dickson considera que as ravinas são regiões importantes para identificar se já existiu vida no planeta.
Com informações de Space.com e Sci News.
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Fonte: Olhar Digital
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