Hoje em dia, a maioria dos filmes é feita digitalmente. Mas a experiência com “Oppenheimer” será diferente. Isso porque o novo filme de Christopher Nolan é inteiramente analógico.
Para quem tem pressa:
É o que explicou Jay Trautman, que trabalhou durante um ano como editor-assistente em “Oppenheimer”. Num vídeo, postado no YouTube, ele detalha as particularidades em produzir um filme de forma analógica.
Leia mais sobre “Oppenheimer”:
Filme e digital
As câmeras digitais são ótimas, mas ainda há algo especial em gravar com filme. Por atribuir um aspecto autêntico às imagens, existem alguns cineastas que ainda gravam em filme.
Mesmo assim, a maioria desses filmes é digitalizada, editada e tem sua coloração corrigida digitalmente.
Por exemplo, o “Nope”, de Jordan Peele, foi gravado com as mesmas câmeras de filme IMAX usadas em “Oppenheimer”. Mas o filme foi digitalizado e depois finalizado por meio de um processo digital.
Isso é semelhante a gravar música em fita analógica, depois mixar num computador e masterizar como arquivos digitais.
Depois, a equipe de “Nope” pegou seus arquivos finalizados digitalmente e os gravaram de volta no filme analógico. Isso tem sido o que a maioria dos cineastas tem feito desde os anos 90, quando o cinema digital começou a decolar.
É muito mais fácil e barato fazer as coisas digitalmente. Mas não é isso que diretores como Christopher Nolan, Paul Thomas Anderson e Quentin Tarantino fazem.
Processo de Nolan para ‘Oppenheimer’
O cineasta grava, depois esse filme é processado num laboratório e impresso em bobinas, conforme explicou Trautman.
O editor-assistente também disse que essas impressões são convertidas em vídeo para edição. Mas após a conclusão da edição, ela vai para o negativo original.
O timer de cores ajusta o tempo das luzes de impressão para equilibrar a cor e o negativo cortado é impresso em bobinas de filme. Este é um processo fotoquímico completamente analógico.
Jay Trautman, que trabalhou durante um ano como editor-assistente em “Oppenheimer”
Neste caso, é mais como gravar música em fita, mixar numa mesa de mixagem analógica e depois passar o produto final para um disco de vinil. Nunca passa por um computador.
Não atoa, o produto final é um colosso. Os rolos originais de filme de “Oppenheimer” – os “discos de vinil” que vão rodar em apenas 30 salas de cinema no mundo – têm 18 km de comprimento e 272 kg.
Uma questão prática
Quando se grava em filme, os takes precisam ser digitalizados para adição de efeitos visuais (daqueles de computação gráfica) e, depois, gravados de volta no filme.
Essa é a principal razão pela qual Christopher Nolan não gosta de usar efeitos visuais em suas produções, segundo Trautman.
Minha preferência é sempre fazer as coisas com a câmera, tanto quanto possível.
Christopher Nolan, diretor de “Oppenheimer”
Não é que o cineasta odeia CGI (sigla em inglês para “computação gráfica”). Na verdade, ele odeia tirar takes do processo puramente fotoquímico para torná-los digitais.
Além disso, as cenas em preto e branco de “Oppenheimer” também foram gravadas em filme. E a coloração monocromática também é “natural”. Isso porque foram gravadas em filme preto e branco.
Só que, até então, não existia filme preto e branco para câmeras IMAX. Então, a equipe de Nolan precisou criá-lo. Bota comprometimento nesse projeto, não?
‘Oppenheimer’
“Oppenheimer” é um filme histórico de drama dirigido por Nolan e baseado no livro biográfico “Prometeu Americano: O Triunfo e a Tragédia de J. Robert Oppenheimer”, escrito por Kai Bird e Martin J. Sherwin e vencedor do Prêmio Pulitzer.
Ambientado na Segunda Guerra Mundial, o longa (de três horas) acompanha a vida de J. Robert Oppenheimer (Cillian Murphy), físico teórico da Universidade da Califórnia e diretor do Laboratório de Los Alamos durante o Projeto Manhattan, cuja missão era projetar e construir as primeiras bombas atômicas.
A trama acompanha o físico e um grupo formado por outros cientistas ao longo do processo de desenvolvimento da arma nuclear que foi responsável pelas tragédias nas cidades de Hiroshima e Nagasaki, no Japão, em 1945.
Além de Cillian Murphy, o elenco traz outros nomes conhecidos. Entre eles, estão: Emily Blunt, Matt Damon, Robert Downey Jr., Florence Pugh, Gary Oldman, Gustaf Skarsgård e Rami Malek.
O filme estreia nos cinemas em 21 de julho – coincidentemente, no mesmo dia que “Barbie“. Coincidência que, junto a campanhas pesadas de marketing, tem rendido muitos memes.
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Fonte: Olhar Digital
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