No último ano alguns cientistas da Universidade de Concordia, no Canadá, tentaram promover mais estudos sobre sexologia espacial, ou seja, sexo no espaço. Porém, o tema ainda é um grande tabu para a NASA, que chegou a defender uma tripulação 100% feminina para evitar a prática no espaço. Era um argumento estranho, dando a entender que a agência espacial considerava as relações homoafetivas como coisa de outro mundo, no entanto, um dos possíveis temores era o risco das tripulantes engravidarem durante a viagem.

De acordo com a NASA, ainda não foi registrado nenhum caso de sexo no espaço. A agência não proíbe explicitamente a prática, mas exige que os “padrões profissionais” sejam mantidos.

Mas, com as viagens de turismo espacial se tornando mais frequentes, ir para o espaço deixará de ser algo exclusivo de profissionais, e, cada vez mais, o público fará voos para fora da Terra. Com isso em vista, um artigo publicado por David Cullen, professor de tecnologia bioanalítica da Universidade de Cranfield, diz que o sexo no espaço “provavelmente acontecerá nos próximos dez anos” e defende que as empresas precisam se ficar atentas sobre a prática.

O artigo diz que a preocupação não é a prática sexual em si, mas a possível concepção humana no espaço. Caso tenha um caso de gravidez durante os voos, elas aconteceram no período entre dias ou semanas — conforme o período estimado das viagens de turismo espaciais —, portanto, os estágios iniciais da reprodução humana poderiam acontecer no espaço.

Nas viagens espaciais das últimas décadas, já foram constatados alguns efeitos profundos no corpo humano como ausência de peso e aumento dos níveis de radiação ionizante. Tendo em vista esses efeitos, não dá pra saber como eles afetarão os processos fisiológicos de reprodução.

Sabe-se também que, devido à falta de gravidade, os astronautas sofrem com desgaste muscular e ósseo, podendo aumentar a pressão dentro do crânio e até mesmo alterar a estrutura do cérebro.

E mesmo que os turistas espaciais usem métodos contraceptivos, não dá pra saber se eles serão tão eficazes fora da Terra, sendo que não há estudos sobre como contraceptivos serão afetados no espaço.

Essas situações demonstram que há um potencial desconhecido para anormalidades no desenvolvimento de embriões humanos concebidos no espaço. E também podem aumentar o risco de gravidez ectópica (quando a gestação ocorre fora do útero).

Sabendo de tudo isso, o artigo publicado pelo The Conversation, diz que o sexo no espaço é um risco comercial para a indústria de voos espaciais. Portanto, segundo a publicação, é preciso que a indústria discuta sobre o tema e estabelecer estratégias para proteger os turistas com urgência.

Uma sugestão de Cullen para resolver o problema seria combinar o aconselhamento aos viajantes antes da embarcação sobre os riscos da concepção humana no espaço e isenções legais de responsabilidades das empresas de turismo, caso a prática ocorra no espaço.

Com informações de The Conversation.