A leitura de Christopher Nolan sobre J. Robert Oppenheimer para o cinema vai entrar para a história da sétima arte. Mas esta não foi a única produção a explorar o projeto ambicioso do físico. Em 2014, a série “Manhattan” se dedicou a essa missão – só que de um jeito diferente.

Para quem tem pressa:

A série foi um dos primeiros títulos originais da pequena emissora WGN America. Além de abordar o projeto da construção da bomba atômica, a produção mostra o dia a dia, sonhos e segredos dos moradores da cidade de Los Alamos.

Criada por Sam Shaw (Masters of Sex), a produção veio naquele período em que séries “com cara de cinema” começavam a aparecer com mais frequência na televisão.

Na época, a emissora – que faliu em 2021 – buscava se firmar no mercado audiovisual. A inspiração era o sucesso da AMC, outro canal pequeno que se tornou um gigante graças às séries “Mad Men”, “Breaking Bad” e “The Walking Dead”.

A ideia do roteirista, que logo foi comprada pelos executivos da emissora, foi: um drama íntimo e pessoal sobre os personagens, com narrativa lenta, elenco repleto de bons atores, produção impecável e uma boa história real para se basear.

Série ‘Manhattan’

A série acompanha o cientista Frank Winter (John Benjamin Hickey), baseado em Seth Neddermeyer – que aparece em “Oppenheimer” na pele de Devon Bostick – um cientista recrutado para trabalhar num projeto secreto e jamais visto antes: o projeto Manhattan.

Frank é acompanhado de sua esposa, Liza (Olivia Williams), uma mulher cheia de mistérios e que deixou uma importante missão para trás para ficar com o marido na nova cidade. Eles também têm uma filha, não muito explorada e presa ao arquétipo de “rebelde sem causa”, vivida por Alexia Fast (Jack Reacher).

Embora a série tenha como pano de fundo o projeto Manhattan, seu enredo é bem mais sobre os personagens – quase todos fictícios – de Los Alamos do que sobre a construção da bomba atômica, ou da complicada vida de J. Robert Oppenheimer.

Inclusive, o físico mal aparece na série. Aqui, ele é vivido por Daniel London, que é creditado apenas em oito de 23 episódios.

Apesar dos personagens fictícios, a produção aborda fatos históricos para trazer mais veracidade ao texto – por exemplo, menções a Albert Einstein, aos planos de segurança do governo e a construção da bomba atômica.

Contudo, o que Shaw fez ao longo de duas temporadas foi utilizar o projeto como pano de fundo para criar uma espécie de “novela de época” embalada com aquela premissa de “sexo, segredos, mentiras e reviravoltas”.

Personagens e narrativas

Pôster da série Manhattan
(Imagem: Divulgação)

A série “Manhattan” traz um mosaico de personagens interessantes. Uma delas é a jovem Abby, interpretada por Rachel Brosnahan (futura Lois Lane da DC), em um dos seus primeiros grandes papéis.

Casada com um dos cientistas do projeto, Charlie Isaacs (Ashley Zukerman), Abby, na verdade, é secretamente lésbica e apaixonada pela amiga, Elodie (Carole Weyers).

Não somente ela tinha uma trama própria, como grande parte da histórias das outras esposas dos cientistas também foram contadas.

Outra narrativa digna de destaque é a de Helen Prins (Katja Herbers), uma das pouquíssimas mulheres vistas nos laboratórios entre uma reunião e outra.

Ela tinha seus grandes segredos e tramas individuais. E funcionou como fio condutor da trama dos outros homens brancos e de jalecos atuando no projeto secreto.

Novo destaque

Pôster da série Manhattan
(Imagem: Divulgação)

Nos últimos anos, a série estava encostada nos catálogos dos streamings mais avulsos. Agora, ganhou uma onda extra de interesse do público, graças ao novo filme de Christopher Nolan.

Além da série trazer boas personagens, traz um elenco com nomes bem conhecidos atualmente. Entre eles, estão:

Com duas temporadas e 23 episódios no total, a produção não é uma daquelas séries “obrigatórias”. Mas é uma boa pedida para quem saiu de “Oppenheimer” querendo passar mais tempo neste contexto.

No Brasil, a série “Manhattan” está disponível no Globoplay e Lionsgate+.

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