Cientistas prolongam vida de camundongos mais velhos com infusões de sangue jovem
Uma equipe de cientistas alcançou um avanço significativo na extensão da vida de camundongos mais velhos através de infusões de sangue jovem. A técnica envolve a união dos vasos sanguíneos de dois animais, resultando em um aumento de 6% a 9% na longevidade dos camundongos — o que equivaleria a cerca de seis anos adicionais para um ser humano.
Apesar de ainda não haver tratamentos similares para pessoas, os pesquisadores apontam que o sangue de camundongos jovens contém compostos que promovem a longevidade.
James White, biólogo celular da Duke University School of Medicine e autor do estudo, descreve o resultado como um “coquetel útil” para a longevidade.
Detalhes do experimento
Após o procedimento, os cientistas acompanharam o tempo de vida dos animais. Além de viverem mais, os ratos mais velhos apresentaram mudanças no processo de envelhecimento.
Após análises, os pesquisadores observaram que marcadores moleculares no sangue e fígado dos camundongos velhos pareciam ter “parado”. Dois meses após a união, esses marcadores indicaram que os animais mais velhos aparentavam ser “mais jovens” do que camundongos da mesma idade não submetidos ao tratamento.
“Reiniciamos a trajetória do envelhecimento”, afirmou o Dr. White.
O impacto nos camundongos jovens também foi notado. Vadim Gladyshev, especialista em relógios biológicos da Harvard Medical School e também autor do estudo, apontou que “os camundongos jovens envelhecem rapidamente”.
Próximos passos da pesquisa
A equipe agora se dedica a compreender os fatores que retardaram o envelhecimento nos camundongos mais velhos. O Dr. White afirmou que estão buscando entender o porquê e o como desses efeitos.
Os resultados sugerem que a causa não se limita apenas à rejuvenescimento das células dos camundongos mais velhos pelas células jovens, pois mesmo após a separação, os animais mais velhos não voltaram ao seu estado anterior.
Uma possibilidade é que o sangue dos ratos jovens dilua compostos prejudiciais presentes nos animais mais velhos. Além disso, o sangue jovem pode conter moléculas capazes de reprogramar as células dos camundongos velhos, fazendo com que essas células continuem agindo como células mais jovens após a separação.
Aplicação em humanos
Apesar dos resultados animadores, os pesquisadores ainda não veem justificativa para aplicar injeções de soro humano jovem em outras pessoas. É importante ressaltar que tratamentos similares foram oferecidos por alguns médicos para tratar demência e outras doenças em idosos, mas a Food and Drug Administration (FDA) alertou contra esses procedimentos em 2019, considerando-os potencialmente prejudiciais e sem benefícios clínicos comprovados.
História de pesquisa de longa data
Essa abordagem de infusões de sangue jovem não é uma ideia nova. Na década de 1950, o cientista Clive McCay, da Cornell University, já havia utilizado uma técnica semelhante chamada parabiose para investigar o envelhecimento. Ele uniu camundongos jovens e velhos costurando seus flancos para que os capilares da pele se conectassem. Mais tarde, McCay e seus colegas analisaram a cartilagem dos ratos mais velhos e concluíram que ela parecia mais jovem.
Fonte: Olhar Digital
Comentários