Está prevista para setembro a chegada da espaçonave OSIRIS-REx à Terra, que foi lançada pela NASA ao espaço em 2016 com a missão de coletar amostras do asteroide Bennu.
A sonda pousou com sucesso na rocha espacial em outubro de 2020, e esse feito contou com a ajuda de um superastro – não do cosmos, mas do rock: Brian May, membro da banda Queen, eleito em janeiro o melhor guitarrista de todos os tempos pelos leitores da revista Total Guitar.
Mas por que um rockstar colaborou com uma missão espacial?
Para quem não sabe, além de músico, May também é astrofísico e doutor em astronomia.
Ele trabalhou por anos em parceria com a NASA, mais especificamente com Dante Lauretta, cientista-chefe da missão OSIRIS-REx, ajudando a processar imagens capturadas pelo principal explorador de rochas espaciais da agência, com o objetivo de encontrar um local de pouso adequado na superfície do asteroide Bennu.
O esforço resultou no livro “Bennu: Anatomia 3D de um asteroide” – disponível para compra na Amazon. Com 200 páginas, o material, repleto de imagens impressionantes, foi lançado na última quinta-feira (27), durante um evento realizado no Museu de História Natural de Londres, que contou com a presença de May, Lauretta e os demais quatro autores.
O rockstar já havia colaborado com as equipes científicas por trás da caçadora de cometas Rosetta, na Agência Espacial Europeia (ESA), e da sonda exploradora de Plutão, New Horizon, da NASA.
Brian May “salvou” a missão de amostragem do asteroide Bennu
Com base na compreensão contemporânea da natureza das rochas espaciais, os engenheiros projetaram a sonda para pousar em uma área lisa de pelo menos 25 m de largura no asteroide Bennu.
No entanto, as primeiras imagens transmitidas por ela rapidamente revelaram que não havia esse espaço aberto naquele corpo celeste, e a equipe enfrentou a possibilidade muito real de que a missão poderia não cumprir seu objetivo principal.
É aí que entra o venerado guitarrista. Em 2019, ele decidiu pendurar temporariamente sua icônica guitarra caseira Red Special na parede e atender o “pedido de socorro” de Lauretta para “salvar” a quase perdida missão.
Isso porque May é especialista em imagens estereoscópicas, uma técnica que envolve a captura de pares de fotografias de uma forma que elas apareceriam quando vistas por uma criatura de dois olhos, como um ser humano.
Câmeras estereoscópicas separadas por uma distância definida que tiram imagens do mesmo objeto de ângulos ligeiramente diferentes são comumente usadas para gerar tais visualizações. Quando olhadas através de óculos 3D, as cenas capturadas emergem em três dimensões vívidas, permitindo que os espectadores percebam a profundidade e a distância entre as estruturas na imagem.
Por meio dessa técnica, o venerado guitarrista revisou fotografias de dezenas de crateras rasas que marcam a face de Bennu em um esforço para encontrar uma que fosse grande e livre de pedras o suficiente para permitir que a OSIRIS-REx descesse e pudesse coletar suas preciosas amostras.
Graças ao trabalho de May, a equipe selecionou o local adequado e foi capaz de reconstruir etapas da turbulenta descida em três dimensões, além de criar uma curta sequência de vídeo mostrando o cascalho e a poeira engolindo a sonda após o pouso.
Vem mais trabalho para a OSIRIS-REx por aí
A OSIRIS-REx deixou Bennu em maio de 2021 com quase 250 gramas de poeira e cascalho do asteroide guardados em sua cápsula de retorno. Isso, segundo Lauretta disse na coletiva de lançamento do livro, é quatro vezes mais do que o objetivo original, o que significa que a missão cumpriu seus objetivos com louvor.
Depois de entregar a cápsula à Terra em 24 de setembro, a missão segue para Apophis, outro asteroide perigoso cujo caminho pode se cruzar com o do nosso planeta nos próximos séculos.
A espaçonave chegará a Apophis em 2029, e May disse que mal pode esperar para colocar as mãos nas imagens.”Se ainda estiver por aqui, certamente quero estar envolvido”, brincou a lenda do rock, que tem 76 anos.
Fonte: Olhar Digital
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