Um homem tetraplégico teve o movimento parcialmente recuperado e a sensibilidade restaurada em suas mãos ao participar de um ensaio clínico inédito que implantou um conjunto de microchips em seu cérebro.
O dispositivo implantado forma uma ponte eletrônica que usa algoritmos de Inteligência Artificial (IA) para converter pensamentos em ações, restabelecendo a conexão entre o cérebro e o corpo que foi interrompida por uma lesão.
“Esta é a primeira vez que o cérebro, o corpo e a medula espinhal foram ligados eletronicamente em um ser humano paralisado para restaurar o movimento e a sensibilidade”, disse Chad Bouton, professor do Instituto Feinstein de Medicina Bioeletrônica, em Nova York, nos EUA, e principal investigador da pesquisa.
Em um comunicado da rede de assistência médica Northwell Health, do qual é vice-presidente de engenharia avançada, Bouton explicou como funciona a tecnologia desenvolvida por ele. “Quando o participante do estudo pensa em mover o braço ou a mão, ‘turbinamos’ sua medula espinhal e estimulamos seu cérebro e músculos para ajudar a reconstruir conexões, fornecer feedback sensorial e promover a recuperação”.
Segundo o cientista esse tipo de terapia orientada pelo pensamento é um divisor de águas. “Nosso objetivo é usar essa tecnologia um dia para dar às pessoas que vivem com paralisia a capacidade de viver vidas mais plenas e independentes”.
Quem é o homem que recebeu o chip cerebral
Keith Thomas sofreu um acidente de mergulho em julho de 2020 que feriu as vértebras C4 e C5 de sua coluna cervical. Lesões tão altas podem causar até a morte, ou, no mínimo, a tetraplegia, que foi o que aconteceu com ele.
Esse padrão de paralisia afeta mãos, braços, tronco e pernas, capacidades vesical e intestinal e função respiratória. Isso resulta em perda de movimento e sensibilidade em todos os quatro membros.
“Houve uma altura em que não sabia se ia mesmo viver, ou se queria, francamente. E agora, posso sentir o toque de alguém segurando minha mão. É avassalador”, disse Thomas. “A única coisa que quero fazer é ajudar os outros. Essa sempre foi a coisa em que sou melhor. Se isso pode ajudar alguém ainda mais do que me ajudou em algum lugar lá na frente, tudo vale a pena”.
Como o dispositivo foi implantado no cérebro do paciente
A instalação do implante exigiu uma cirurgia cerebral aberta de 15 horas, que foi concluída com sucesso em 9 de março. O bypass neural duplo atua efetivamente como uma ponte eletrônica, reconectando seu cérebro, medula espinhal e corpo para que a informação possa fluir livremente.
O implante é composto por cinco microchips que vão diretamente para o cérebro, formando uma porção crítica de um duplo desvio neural que usa IA para traduzir pensamentos em ações.
Com ele Thomas agora pode se mover e sentir suas mãos e pulsos novamente sem precisar estar conectado a computadores.
Ao contornar as lesões do sistema nervoso, espera-se que o implante possa incentivar novas vias neurais que podem ajudar o corpo a superar lesões físicas e até doenças usando uma terapia bioelétrica que não vem com os efeitos colaterais dos medicamentos.
“Milhões de pessoas vivem com paralisia e perda de sensibilidade, com opções limitadas disponíveis para melhorar sua condição”, disse Kevin Tracey, presidente e CEO dos Institutos Feinstein. “O Prof. Bouton e sua equipe estão comprometidos com o avanço de novas tecnologias bioeletrônicas e abrem novos caminhos clínicos para restaurar o movimento e a sensação”.
Fonte: Olhar Digital
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