Neste sábado (5), o rover Curiosity, da NASA, vai completar 11 anos investigando Marte. Durante todo esse período, ele passou por incontáveis desafios. Nenhum, no entanto, foi mais árduo do que a escalada no Monte Sharp, o pico central da cratera Gale, seu local de pouso e área de exploração no Planeta Vermelho.
Cada camada dos 5,5 km de altura da montanha, que foi coberta de lagos, rios e córregos bilhões de anos atrás, se formou em uma época climática diferente do passado de Marte, e quanto mais alto o rover avança, mais os cientistas aprendem sobre como a paisagem mudou ao longo do tempo.
Recentemente, o Curiosity fotografou um local chamado Jau, que é marcado por dezenas de crateras de impacto. Foi a primeira vez que os cientistas tiveram acesso a uma visão próxima de tantas crateras marcianas em um só lugar. Estima-se que a maior delas tenha o tamanho de uma quadra de basquete, embora a maioria seja muito menor que isso.
Até chegar ali, o rover passou por subidas íngremes e terrenos arriscados. No entanto, ele nunca enfrentou nada como essa encosta: a combinação de uma inclinação acentuada de 23 graus, areia escorregadia e rochas do tamanho de suas rodas.
Trabalho árduo para os planejadores do rover
Essa tríade de desafios fez o veículo explorador “penar” entre maio e junho, deixando os controladores na Terra bem preocupados. “Se você já tentou correr por uma duna de areia em uma praia – e é essencialmente isso que estávamos fazendo – você sabe que é difícil, mas havia pedregulhos lá dentro também”, disse Amy Hale, operadora do rover Curiosity no Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa no sul da Califórnia.
Amy está entre os 15 planejadores que elaboram centenas de linhas de código para comandar o sistema de mobilidade e o braço robótico do Curiosity todos os dias. Eles não operam o rover em tempo real; as instruções são enviadas a Marte na noite anterior, e os dados só voltam à Terra depois que o rover conclui o trabalho.
Esses engenheiros é que decidem para onde direcionar o rover, quais fotos tirar e quais alvos estudar. Para isso, eles ficam constantemente atentos, principalmente, aos perigos que o equipamento pode enfrentar.
Durante o tempo em que ficou explorando Jau, o Curiosity precisou desviar de rochas pontiagudas, além de desgastar suas rodas em terrenos instáveis. Segundo Amy, ele estava programado para parar de se mover diante de alguma surpresa.
Paradas involuntárias – chamadas de “falhas” – podem ocorrer quando as rodas deslizam demais ou uma delas é erguida alto demais por uma grande rocha. Na rota para Jau, o rover se encontrou nos dois cenários em diversas ocasiões.
“Estávamos basicamente jogando bingo de falhas”, disse Dane Schoelen, líder de planejamento estratégico de rotas do Curiosity no JPL. “Todos os dias, quando entrávamos, descobríamos que éramos culpados por uma coisa ou outra”.
Aglomerados de crateras são comuns em Marte
O rover chegou a precisar fazer um desvio de 150 metros para contornar uma área perigosa detectada com base em observações do satélite Mars Reconnaissance Orbiter (MRO), o que acrescentou mais algumas semanas à viagem.
Ao fim do percurso, o rover concluiu sua investigação do aglomerado de crateras Jau. Comuns em Marte, esses aglomerados podem se formar quando um meteoro se quebra na atmosfera do planeta ou quando fragmentos são lançados por um grande e mais distante impacto de meteoros. Os cientistas querem entender como as rochas relativamente macias do terreno enriquecido com sal afetaram a maneira como as crateras se formaram e mudaram ao longo do tempo.
Mas o trabalho para o rover está longe de terminar. Ele segue rumo ao topo do Monte Sharp, estudando cada nova camada que ele atravessa durante a escalada.
Fonte: Olhar Digital
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