O Vasco ainda vive uma situação muito delicada no Campeonato Brasileiro. Ponto. Mas as últimas atuações do time, sob o comando de Ramón Díaz, e principalmente a vitória sobre o Grêmio, já fizeram o torcedor ver a luz no fim do túnel. O time mostra evolução, apesar de o tempo não ser um amigo.
Díaz não adotou estratégias iguais para enfrentar Corinthians e Grêmio. O time foi do 3-5-2 contra o Timão para o 4-1-4-1 contra o Tricolor. A tendência, porém, leva a crer que o treinador, cada vez mais, deve optar por um esquema com dois atacantes, tendo o 4-4-2 como alternativa.
A principal mudança do Vasco nos últimos jogos foi uma eficiência maior na primeira fase de construção. Para isso, as presenças de Gary Medel e Bruno Praxedes foram decisivas. Tradicionalmente, Díaz opta por uma saída a três, ou seja, com três homens iniciando as jogadas atrás. Medel, no primeiro jogo, atuou mais adiantado no meio, mas recuava junto aos zagueiros para receber a bola de Jardim na saída. Praxedes avançava no entrelinhas, para dar opção mais adiantado, enquanto os laterais davam amplitude.
No jogo com o Grêmio, com Medel como zagueiro, foi Zé Gabriel quem recuou para ajudar na saída. E o volante, provavelmente, fez um de seus melhores jogos como cruz-maltino, conseguindo progressões com bola (inclusive, em uma delas, deixou Vegetti na cara do gol). Praxedes, dessa vez, teve a companhia de Paulinho Paula no meio. O segundo fez um grande segundo tempo.
A principal característica da saída de jogo de Ramón Díaz, algo que já vem de outros trabalhos do técnico, é a rapidez com que o time avança no campo. São necessários poucos passes para sair de uma área e chegar na outra. A aproximação dos jogadores no setor da bola, para criar linha de passes e avançar também em jogo sustentado, conseguiu aumentar o repertório de jogadas, criar superioridade numérica e dar mais fluidez ao jogo.
Um Vasco que sofria para avançar no campo, com jogadores muito distantes uns dos outros, passou a trabalhar melhor a bola, evoluir com fluidez em campo e chegar no último terço com mais eficiência. O que faltou contra o Corinthians foi finalizar melhor as jogadas. Faltava, então, as coisas se acertarem no último terço.
Embora a contratação de um meia de peso não tenha se concretizado, Díaz conseguiu criar uma boa dinâmica ofensiva. Pec voltou a crescer, atuando aberto na direita, Orellano se tornou protagonista do outro lado e Vegetti deu indícios que pode ser o finalizador que a equipe precisava.
O crescimento de Orellano é uma conquista pessoal da comissão de Ramón Díaz. Até então, o argentino, contratação mais cara do clube, não havia conseguido se firmar. Não rendia aberto na ponta, tampouco por dentro. Com Díaz, Orellano tem liberdade criativa, aparecendo como referência criativa do time. O lado anímico, também, fez toda a diferença: Díaz e sua comissão recuperaram a confiança do meia.
Já Vegetti marcou o gol decisivo contra o Grêmio, mas não só: se apresentou bastante para o jogo, fez bem o pivô, chegou perto de marcar após boa jogada de Zé Gabriel e mostrou presença de área. Foi bastante comunicativo, mostrou liderança e personalidade. Tudo o que o time precisava em um momento decisivo como este.
A presença de Vegetti, porém, não exclui o que Ferreira pode agregar ao time. O paraguaio, que recebeu a camisa 9, teve temporadas que chegaram ou beiraram os 20 gols. Mas está claro que, nesse momento, pode ajudar mais o time sendo um segundo atacante, jogador mais móvel. Que sai para buscar jogadas no meio. Que abre espaço para as infiltrações dos meias. Ou atrai a marcação para Vegetti aparecer em zonas de finalização.
Com repertório tático, mecanismos coletivos mais eficientes, reforços que agregam e mais confiança e força mental, o time do Vasco mostra evolução e inicia uma recuperação no Brasileirão. Vencer o até então vice-líder do campeonato é um bom primeiro sinal. Mas ainda há muito caminho para andar. Vai ser uma peregrinação até uma eventual fuga do rebaixamento. Peregrinação sob o comando de Ramón Díaz.
Fonte: Ogol
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