A lista de novos membros da CPI do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) inclui entre os integrantes um ex-ministro do governo Dilma e um aliado político do ministro Flávio Dino (PSB-MA), atual chefe do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Como o site da Jovem Pan antecipou, partidos de centro, que negociam cargos no primeiro escalão da gestão Lula 3, protagonizaram nas últimas horas uma troca inesperada de representantes na Comissão Parlamentar de Inquérito, promovendo a saída de deputados com perfil mais combativo. Embora não tenham sido apresentadas justificativas formais para a mudança, nos bastidores o indicativo é que as legendas devem indicar parlamentares de perfil mais governista, o que se traduz em uma derrota da oposição no colegiado e, na prática, pode inviabilizar a aprovação do relatório final do deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) e a apresentação de resultados da investigação.
Entre os nomes já anunciados para integrar a comissão de investigação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o Progressistas (PP), que também negocia cargos e estatais no governo Lula 3, reivindicou uma vaga cedida ao Partido Liberal (PL) e indicou o deputado federal Mário Negromonte (PP-BA). O político baiano foi indicado em dezembro de 2010 pela então presidente Dilma Rousseff (PT) para ocupar o Ministério das Cidades, pasta que chefiou até fevereiro de 2012, quando pediu demissão após denúncias de irregularidades. Também do Progressistas está confirmada a entrada do deputado federal Átila Lira (PP-PI). Publicamente, o parlamentar elogiou a escolha do senador Wellington Dias para o Ministério do Desenvolvimento Social. “Um reconhecimento pelo seu trabalho como governador e político, mais de 30 anos, por outro lado, sua dedicação ao Partido dos Trabalhadores na sua luta”, disse o parlamentar. Ambos deputados votaram com o governo pela aprovação do arcabouço fiscal e da reforma tributária na Câmara.
Outro nome já definido para a comissão é do deputado federal Marreca Filho (Patriota-MA) para a vaga de Magda Mofatto (PL-GO). Em mais de uma ocasião, o político maranhense – que ocupa o cargo de vice-líder do governo Câmara Federal – já declarou sua proximidade com o ministro Flávio Dino, braço direito do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Um exemplo é uma postagem de 30 de abril, data do aniversário de Dino. “Hoje celebramos a vida do nosso ministro Flávio Dino, o qual tenho a honra de compartilhar a amizade e trajetória política, sempre em busca de qualidade de vida aos maranhenses. Desejo felicidades, saúde, paz e muito sucesso. Feliz aniversário!, escreveu Marreca Filho. Ainda que esteja alinhado com o Planalto, o deputado foi defensor do ex-presidente Jair Bolsonaro durante quase toda sua gestão, também ocupando a vaga de vice-líder.
Também na lista dos escolhidos, o deputado federal Carlos Henrique Amorim (União Brasil-TO), mais conhecido como Gaguim, é o indicado do União Brasil para substituir Alfredo Gaspar (União Brasil-AL). Em sua história política, Gaguim concorreu ao cargo de governador do Tocantis, em 2010, com o apoio do então presidente Lula. Antigos aliados, o atual parlamentar entregou ao petista o título de Cidadão Tocantinense em 2008, quando ocupava o cargo de Assembleia Legislativa do Estado, momento que considerou “ímpar”. “Deus me deu essa oportunidade de entregar o título ao presidente Lula como presidente do parlamento tocantinense. Pelo que ele fez pelo Tocantins, o presidente Lula, esse grande brasileiro, agora irmão nosso, já merece o título”, avaliou Gaguim na época. Em 2016, ele foi um dos principais articuladores do processo de impeachment de Dilma Rousseff e chegou a ser acusado pela esquerda de ter uma “memória infiel”. Neste ano, por sua vez, ele votou com o governo Lula pela aprovação do arcabouço fiscal e da reforma tributária.
Ainda no grupo do União Brasil, o partido também fará a substituição do deputado federal Antonio Carlos Nicoletti (União Brasil-RR) por Damião Feliciano (União Brasil-PB), vice-líder do governo Lula na Câmara dos Deputados. O parlamentar, inclusive, foi flagrado “fazendo o L” do presidente Lula enquanto a esposa Lígia Feliciano concedia uma entrevista. Ex-vice-governadora da Paraíba, a mulher do deputada foi nomeada em março para um cargo de diretoria no Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, de Wellington Dias. A troca de integrantes na CPI do MST ainda reserva a indicação de dois novos nomes pelo Republicanos, partido do presidente do colegiado, Luciano Zucco. À Jovem Pan News, ele classificou a mudança repentina como “inadmissível”. “Foi uma ação que não foi comunicada nem para os parlamentares retirados, que receberam pela imprensa que estavam desligados da CPI”, afirmou.
Fonte: Jovem Pan News
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