Um estudo recente realizado pelo projeto Upgrade Democracy da Fundação Bertelsmann revela um desejo crescente por ações enérgicas para combater a disseminação deliberada de informações falsas e conteúdo enganoso na Internet por parte dos cidadãos da União Europeia.
Os resultados da pesquisa apontam para uma clara percepção do problema e uma demanda por intervenções tanto por parte dos legisladores quanto das plataformas de mídia social.
De acordo com os dados do estudo, impressionantes 85% dos cidadãos da UE acreditam que os formuladores de políticas devem fazer mais para prevenir a propagação da desinformação, enquanto 89% afirmam que os operadores de plataformas de mídia social também deveriam intensificar suas ações.
O autor do estudo e especialista em democracia e coesão social na Fundação Bertelsmann, Kai Unzicker, destaca:
Informações confiáveis são a base para a formação de opiniões sólidas e, consequentemente, para o discurso democrático. As pessoas na Europa estão muito incertas sobre quais conteúdos digitais podem confiar e quais foram manipulados intencionalmente. Aqueles que desejam proteger e fortalecer a democracia não podem deixar as pessoas lidarem com a desinformação sozinhas.
Kai Unzicker, autor do estudo
Jovens respondem de mais ativamente à informação falsa
Desafios e Vantagens das Mídias Sociais na Democracia
Os dados da pesquisa também mostram variações por país. Atitudes críticas predominam na França, Bélgica, Holanda e Alemanha, enquanto na Polônia as pessoas têm uma visão mais positiva da influência das mídias sociais na democracia.
Recomendações para Combater a Desinformação
Diante dos resultados da pesquisa, a Fundação Bertelsmann recomenda a introdução e expansão do monitoramento sistemático por parte de especialistas independentes e atores da sociedade civil para identificar e rotular a desinformação de forma mais eficaz.
Além disso, segundo o estudo, plataformas digitais devem adotar moderação de conteúdo consistente e transparente. Também são aguardados os relatórios de transparência que os principais provedores de mídias sociais devem lançar até o final de agosto como parte da implementação do Lei de Serviços Digitais (DSA, na sigla em inglês) da UE.
Cathleen Berger, especialista em políticas digitais da Fundação Bertelsmann, destaca a importância de uma abordagem abrangente.
Além da regulamentação, é essencial capacitar as pessoas. Devemos conscientizar o público em geral sobre os riscos da desinformação. Ao mesmo tempo, é crucial garantir que pessoas de todas as idades tenham a capacidade de verificar e classificar notícias e conteúdo midiático, visto que a pesquisa indica que as pessoas estão mais dispostas a combater a desinformação quando a reconhecem.
Cathleen Berger
Com o intuito de apoiar a sociedade na resposta à desinformação, a Fundação Bertelsmann lançou o projeto Upgrade Democracy este ano. O projeto apresenta ideias e iniciativas que combatem e neutralizam eficazmente a desinformação e a manipulação nas mídias sociais, explorando também novas tecnologias e métodos que promovem um discurso político justo e vibrante.
Os dados da pesquisa utilizados no estudo foram obtidos por meio do eupinions, ferramenta de pesquisa de opinião europeia da Fundação Bertelsmann desenvolvida em cooperação com a Latana.
A pesquisa para o estudo atual foi realizada em março de 2023 em toda a UE, com uma amostra de 13.270 pessoas entre 16 e 70 anos, representando a UE como um todo e sete Estados membros: Bélgica, França, Alemanha, Itália, Holanda, Polônia e Espanha.
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Fonte: Olhar Digital
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