E lá vamos nós falar novamente dela: Betelgeuse, uma das estrelas mais controversas entre os cientistas. Uns acham que ela vai explodir em breve, outros que ela ainda vai brilhar por centenas de milhares de anos. Ora ela seu brilho diminui abruptamente, ora aumenta de modo incomum. Mas a informação que vamos trazer aqui é certa e tem data e hora para acontecer: Betelgeuse vai apagar, e isso vai ocorrer ainda este ano!
Betelgeuse é uma das estrelas mais brilhantes do céu noturno e está localizada a cerca de 720 anos-luz de distância na direção da Constelação de Órion. Mais precisamente, no ombro do Gigante Caçador. Ela chama a atenção de muitos astrônomos por ser uma supergigante vermelha nas últimas fases da sua vida estelar. A estrela é cerca de 17 vezes mais massiva e até 800 vezes maior que o Sol. Isso significa que se colocássemos ela no centro do Sistema Solar, ela engoliria Mercúrio, Vênus, Terra e Marte, e se estenderia até o cinturão principal de asteroides, entre as órbitas de Marte e Júpiter.
A distância que Betelgeuse está da Terra nos impede de realizar medições mais precisas, mas um fenômeno astronômico raríssimo que vai ocorrer este ano, pode nos ajudar a entender um pouco mais sobre essa estrela que tanto fascina os cientistas.
Na madrugada entre os dias 11 e 12 de dezembro, Betelgeuse vai apagar. Mas não porque a estrela vai morrer. Na verdade, o brilho de um dos astros mais luminosos do céu noturno será ocultado pela passagem do asteroide Leona em frente a ele. Será uma espécie de mini-eclipse de Betelgeuse.
A observação de ocultações estelares é uma das atividades mais importantes no estudo dos asteroides. Fenômenos astronômicos como este, permitem aos astrônomos a medição precisa das dimensões dos asteroides e outros pequenos corpos do sistema solar. Além disso, foi através da observação de ocultações estelares que foram descobertos luas, e até mesmo aneis, em torno de asteroides.
Só que a ocultação de Betelgeuse, além de ser uma raríssima oportunidade de ver a olho nu uma ocultação estelar, também permitirá aos astrônomos estudarem algumas características físicas da estrela. Isso porque Betelgeuse é grande, muito grande mesmo.
Como estão a enormes distâncias da Terra, mesmo as maiores e mais luminosas estrelas, aparecem para nós apenas como um ponto de luz. Betelgeuse é uma das pouquíssimas estrelas que são grandes e próximas o suficiente para terem seu diâmetro observado visualmente.
Só que mesmo utilizando nossos telescópios mais potentes e refinados processos de interferometria, a estrela aparece ocupando apenas alguns poucos pixels da imagem, o que torna qualquer medição um tanto imprecisa. E por isso, a ocultação de Betelgeuse pode ser uma excelente oportunidade para a Ciência.
Um dos fatos que tornam as ocultações estelares tão precisas é o fato das estrelas serem vistas de forma pontual no céu. Assim, quando um asteroide distante passa em frente a uma estrela, seu brilho desaparece instantaneamente e depois de um tempo, reaparece instantâneamente também. Sabendo que o brilho da estrela é pontual e conhecendo a distância e a velocidade com que o asteroide se desloca no espaço, podemos calcular facilmente o seu tamanho apenas medindo o tempo em que a estrela teve seu brilho ocultado pelo asteroide.
Agora com Betelgeuse é diferente. Essa estrela é tão grande que quando o asteroide Leona passar em frente a ela, seu brilho não vai desaparecer instantaneamente. A medida que o asteroide for cruzando seu disco estelar, o brilho de Betelgeuse será reduzido gradualmente até a estrela desaparecer. Depois de alguns segundos, ela vai reaparecer e restaurar o seu brilho, novamente de forma gradual.
A medição desse tempo de esmaecimento e de recuperação do brilho de Betelgeuse deve permitir aos astrônomos calcular com precisão a sua medida angular. E assim, conhecendo a distância em que a estrela está, chegar ao tamanho exato de Betelgeuse.
A importância desta ocultação é tão grande que ela foi prevista pelo astrônomo russo Denis Denisenko em 2004, há mais de 19 anos, e desde então, vem sendo esperada como uma das mais excepcionais ocultações estelares já previstas.
A parte chata desta história é que, infelizmente, a ocultação de Betelgeuse pelo asteroide Leona não poderá ser vista por todo o mundo. Apenas aqueles que estiverem dentro de uma estreita faixa que passa pela Turquia, extremo sul da Europa, cruza o Oceano Atlântico e termina no Sul da Flórida, poderão observar este tão importante e raro fenômeno astronômico.
A “sombra” deste mini-eclipse vai precisar de apenas 17 minutos para cruzar o globo, e para quem estiver dentro da faixa de visibilidade poderá ver a estrela apagar no céu por uns 4 ou 5 segundos. Serão apenas alguns poucos segundos, mas que podem fornecer informações importantíssimas para o estudo de Betelgeuse.
Fonte: Olhar Digital
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