Maurice “Mo” Miller, de 57 anos, faleceu devido a um câncer cerebral. Mas seu corpo foi usado para um experimento pioneiro nos EUA. Um rim suíno foi transplantado, em julho, para o corpo de Miller, que teve morte cerebral. E tem funcionado normalmente desde então.

Para quem tem pressa:

É o que pesquisadores do Instituto de Transplante Langone da Universidade de Nova York revelaram nesta semana, conforme publicado pela NYU. A cirurgia representou um marco na busca por soluções de transplante de órgãos, utilizando animais para aliviar a escassez de órgãos humanos disponíveis.

O experimento com rim de porco

(Imagem: Mark Agnor/Shutterstock)

Esse período é considerado um dos mais longos em que um rim de porco foi funcional em um organismo humano, mesmo após o óbito. Os especialistas agora planejam monitorar o rim por mais um mês para avaliar seu desempenho contínuo.

O resultado positivo desse experimento fornece esperança para o futuro da pesquisa em xenotransplantes, que envolve transplantes de órgãos de animais para seres humanos.

Essa abordagem enfrenta o desafio do sistema imunológico humano rejeitar os órgãos estranhos. Mas porcos geneticamente modificados estão sendo usados para criar órgãos mais compatíveis com os humanos.

A pesquisa destaca a necessidade de entender melhor as reações do corpo vivo a órgãos de porcos, enquanto a agência reguladora americana Food and Drug Administration (FDA) – a Anvisa dos EUA – considera a possibilidade de permitir estudos de transplante de coração ou rim de porco em pacientes voluntários.

O dr. Muhammad Mohiuddin, que liderou parte da pesquisa, enfatiza que o experimento educa o público sobre o xenotransplante, preparando a opinião pública para futuras tentativas.

Embora seja incerto até que ponto os corpos falecidos imitam as reações de pacientes vivos, a pesquisa está pavimentando o caminho para inovações futuras que podem resolver o desafio da escassez de órgãos para transplantes.