A legislação sobre emissões veiculares ajudou a reduzir danos atmosféricos na região metropolitana de São Paulo (SP) na última década, mas veículos novos ainda emitem poluentes danosos à saúde. É o que revelou um estudo recente, conduzido por pesquisadores do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP).
Para quem tem pressa:
A pesquisa foi publicado na edição de agosto da revista Environmental Pollution e divulgada nesta semana pelo Jornal da USP.
A pesquisa sobre emissões veiculares
No estudo, os pesquisadores analisaram as substâncias presentes nas emissões veiculares, com destaque para o impacto do uso crescente de biocombustíveis, como etanol e biodiesel.
De acordo com os resultados do estudo, as emissões veiculares na região apresentaram uma tendência de redução significativa entre o início dos anos 2000 até 2018.
Os gases poluentes, como óxidos de nitrogênio e monóxido de carbono, registraram quedas notáveis, indicando a eficácia das exigências de dispositivos para controle de emissão de poluentes implementadas em 2012 para veículos pesados e em 2013 para veículos leves.
Essas medidas fazem parte do Programa de Controle de Emissão de Poluentes por Veículos Automotores (Proconve), estabelecido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).
O estudo também ressaltou a contribuição positiva da gradual introdução de biocombustíveis, como etanol e biodiesel, nos veículos. No entanto, um aspecto importante destacado pelo estudo foi a possível relação entre o uso de biocombustíveis e a emissão de espécies químicas indesejadas.
O uso de etanol, por exemplo, foi associado à emissão de metais como ferro, cobre, alumínio e bário, que podem ser liberados na atmosfera devido à corrosão acelerada de partes dos veículos.
Os veículos pesados, como ônibus, caminhões e tratores, também foram analisados no estudo.
Eles funcionam com diesel combinado ao biodiesel e foram observadas emissões de substâncias preocupantes, como arsênio, cádmio, chumbo e zinco.
O chumbo, em particular, está associado a efeitos tóxicos carcinogênicos e não carcinogênicos.
O que fazer, então?
O estudo enfatiza a necessidade de regulamentação dessas emissões prejudiciais à saúde, uma vez que as emissões de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs), substâncias ligadas ao potencial de causar câncer, ainda não são devidamente controladas por lei.
A pesquisa também destacou que veículos leves, como ciclomotores e caminhonetes, emitiram uma proporção maior de HPAs de massa molecular mais elevada em comparação aos veículos pesados.
Essa observação indica a importância de continuar monitorando as emissões e de incentivar a adoção de combustíveis mais limpos, como o etanol, que demonstrou a capacidade de reduzir algumas emissões prejudiciais.
Os pesquisadores também enfatizaram a importância de identificar compostos não regulamentados que afetam a saúde humana, os quais podem ser revelados por meio de estudos mais detalhados como este.
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Fonte: Olhar Digital
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