Equador suspende extração de petróleo em parque amazônico de grande biodiversidade

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Equador decide interromper exploração de petróleo em jazida no Parque Nacional Yasuní

Em um plebiscito histórico no domingo, 20, o Equador votou a favor de encerrar a exploração de petróleo em uma das suas maiores jazidas, localizada no Parque Nacional Yasuní, um ponto vital da Amazônia equatoriana e um centro global de biodiversidade. Com mais de 93% dos votos contados, conforme atualização divulgada na segunda-feira, 21, 58,99% dos equatorianos escolheram “Sim” para parar as operações no Bloco 43-ITT, em comparação com 41,01% que optaram pelo “Não” para manter a atividade da jazida administrada pela empresa estatal Petroecuador. De acordo com a decisão do Tribunal Constitucional, que aprovou o plebiscito, o Estado tem um ano para desmantelar as instalações, um prazo que a Petroecuador considera materialmente inviável devido às ações e procedimentos necessários para selar poços e desmontar estruturas.

Esse resultado representa um triunfo significativo para o grupo ambiental Yasunidos, que liderou a consulta nacional visando proteger Yasuní. A região é altamente sensível a derramamentos de petróleo, e a decisão também é favorável aos povos indígenas isolados que residem no parque nacional. O movimento indígena também saiu vitorioso, uma vez que se manifestou predominantemente em favor do “Sim”, especialmente os indígenas Waorani, a maior etnia no Yasuní, uma reserva natural que abrange um milhão de hectares. Esta área abriga mais de 2.000 espécies de árvores e arbustos, 204 de mamíferos, 610 de aves, 121 de répteis, 150 de anfíbios e mais de 250 de peixes. Além disso, é o território dos tagaero, taromenane e dugakaeri, povos indígenas em isolamento voluntário.

Entretanto, esse resultado traz um período de incerteza para o país, pois implicará em abrir mão de uma fonte que produz diariamente 55 mil barris de petróleo, correspondendo a 11% da produção nacional de petróleo bruto – um dos pilares econômicos do Equador.

Com essa decisão, surgem também dúvidas sobre as finanças do país, uma vez que a paralisação das atividades no Bloco 43-ITT poderá resultar em uma perda anual de lucros provenientes da venda de petróleo bruto de aproximadamente US$ 1,2 bilhão (R$ 5,98 bilhões). Ao longo de 20 anos, esse valor poderá alcançar US$ 13,8 bilhões (R$ 68,74 bilhões), de acordo com estimativas do governo. O custo de desmantelar as instalações, cuja construção custou cerca de US$ 2 bilhões, também está previsto em torno de US$ 500 milhões. Contudo, grupos ambientalistas argumentam que o impacto econômico será menor do que o previsto, pois a exploração de petróleo pesado, como o encontrado em Yasuní, pode se tornar inviável devido à queda dos preços do petróleo. Assim, eles defendem que essa perda de receita poderia ser compensada por impostos sobre a riqueza.

A estatal Petroecuador sempre afirmou que, desde o início das operações em 2016, a exploração do Bloco 43-ITT seguiu os mais rigorosos padrões ambientais para preservar o delicado ecossistema. Até o momento, não houve registros de vazamentos de petróleo decorrentes das atividades no Bloco 43-ITT. Este é o bloco mais recente e produtivo no Yasuní, onde a produção de petróleo acontece desde a década de 1980 nos blocos 16, 31 e 67, que não estão incluídos no referendo. O plebiscito foi realizado simultaneamente com as eleições gerais extraordinárias no Equador.

*Com informações da EFE

Fonte: Jovem Pan News

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