Há mais de um século uma mulher mumificada foi encontrada na Bolívia, e agora um grupo de pesquisadores parece ter descoberto a causa da morte: uma infecção fúngica conhecida como febre do vale que acabou destruindo seus ossos.

A múmia foi encontrada em 1887 em uma caverna no oeste da Bolívia e é de uma mulher que morreu entre 25 e 35 anos, datando de 765 anos atrás. Atualmente ela pertence ao Museu de Antropologia da Universidade Federico II de Nápoles.

A mulher foi embalsamada sentada com os joelhos próximos ao peito e as mãos nos ombros. Assim como outras múmias encontradas na região, seu abdômen foi recheado com folhas de coca e seu crânio foi artificialmente deformado, dando uma aparência mais alongada.

Durante uma pesquisa recentemente publicada na revista Latin American Antiquity, a múmia passou por uma radiografia que revelou lesões em alguns dos ossos, permitindo aos pesquisadores descobrir a doença que a levou à morte.

Febre do vale

A febre do vale é causada pela inalação de esporos de certas espécies de fungos da família Coccidiodes, com ocorrência nas regiões áridas e semiáridas da América do Sul e Central e no sudoeste dos Estados Unidos. Também conhecida como Coccidioidomicose, a doença não é contagiosa e é geralmente adquirida ao entrar em contato com solo ou areia contaminados pelos esporos, afetando em grande maioria trabalhadores manuais.

Em sua forma primária a infecção é autolimitada e aguda, sendo semelhante a uma pneumonia. No entanto, em cerca de 1 a 5% dos casos ela pode acabar progredindo para sua forma secundária e se tornar fatal. Nessa fase, ela pode afetar os ossos, causando lesões no crânio e na coluna vertebral do indivíduo.

A fase da coccidioidomicose encontrada na múmia é a secundária, e inicialmente pensava-se que a mulher havia sofrido de tuberculose, doença comum nos Andes pré-colombiano do século 13. No entanto, uma melhor análise da localização das lesões revelou que elas eram características da febre do vale. A descoberta revela um pouco mais sobre o passado da América do Sul antes da colonização, indicando que as mulheres também realizavam trabalhos manuais.

Este diagnóstico é digno de nota porque a coccidioidomicose foi descrita principalmente como uma doença masculina relacionada ao trabalho e nunca foi encontrada no antigo oeste da Bolívia.

Trecho do estudo