A espaçonave Solar Terrestrial Relations Observatory-A (STEREO-A) da NASA passou entre o Sol e a Terra pela primeira vez desde seu lançamento, em 2006. Isso foi um marco para a espaçonave e a equipe que monitorou seu progresso – e uma chance para a STEREO-A provar sua relevância quase duas décadas depois.

Para quem tem pressa:

A espaçonave inicialmente embarcou numa missão de dois anos para estudar o Sol, mas excedeu sua vida útil e seguiu uma trajetória mais longa. O retorno da STEREO-A, anunciado pela NASA recentemente, é significativo porque permite que ela capture novos dados sobre a atividade solar e continue sua pesquisa inovadora ao lado de novos satélites da agência espacial estadunidense.

Trajetória da nave da NASA

Ilustração das naves STEREO-A e STEREO-B da NASA
(Imagem: Divulgação/NASA)

Por quase 17 anos, a espaçonave STEREO-A da NASA vagou pelo espaço numa missão solitária. Ela viajou ao redor do Sol muito à frente da Terra, conduzindo pesquisas inovadoras sobre o centro do sistema solar.

Em vez de durar pelo dois anos previstos pela agência espacial, a espaçonave viajou cada vez mais longe da Terra numa jornada que se tornou repleta de incertezas.

Quando passou por trás do Sol, em 2015, a espaçonave perdeu contato com a NASA temporariamente. No mesmo ano, a agência perdeu contato com a nave irmã da STEREO-A, a STEREO-B, que estava viajando por um caminho semelhante.

As duas espaçonaves foram lançadas em outubro de 2006 com uma missão ambiciosa: gerar uma visão de 360 graus do Sol observando a estrela de dois pontos de vista enquanto a circundavam em órbitas que divergiam da Terra em direções opostas. STEREO-A manobrou em uma órbita ao redor do Sol à frente da Terra, e STEREO-B começou a circular o sol na direção oposta atrás da Terra.

A STEREO-B foi perdida, devido a problemas de funcionamento. Mas, a STEREO-A continuou. A viagem da espaçonave produziu uma perspectiva tridimensional única da superfície do Sol e das ejeções de massa coronal, que são fenômenos solares explosivos com impactos potenciais nas tecnologias e satélites da Terra.

Além disso, sua trajetória orbital ao redor do Sol significava que ela tinha a chance de fazer o que poucas outras espaçonaves da NASA podiam: finalmente voltar para casa.

Retorno à Terra

Terra vista do espaço
(Imagem: Governo dos EUA)

Em 2023, a STEREO-A completou seu sobrevôo, chegando a aproximadamente oito milhões de quilômetros do nosso planeta.

A espaçonave chegou perto da Terra num momento oportuno. Quando a STEREO-A foi lançada, ela viu o Sol durante um mínimo solar, um ponto baixo no ciclo de 11 anos do Sol de alta e baixa atividade solar. Isso limitou o número de ejeções de massa coronal e outros fenômenos que a espaçonave observou inicialmente. Este ano, o retorno do STEREO-A coincidiu com um período de intensa atividade solar.

Assim, a STEREO-A vai colaborar com outros satélites para reconstruir suas capacidades tridimensionais de imagens solares e investigar novas hipóteses sobre fenômenos como loops coronais.

Isso significa que a espaçonave continuará a trabalhar no limite da física solar. Os cientistas esperam usar os novos dados coletados durante seu sobrevoo para examinar uma teoria recente de que os loops coronais – arcos gigantes de material solar que cruzam a superfície do Sol quando vistos na luz ultravioleta – podem ser ilusões de óptica.