É impossível impedir os efeitos da popularização da inteligência artificial e o que isso significa para as empresas: elas devem incorporá-las de uma forma ou outra, ou ficarão para trás. No entanto, isso deve ser feito com cuidado e regras claras. É o que o YouTube está fazendo. Em um post de blog nesta segunda-feira (21), a plataforma de vídeos revelou sua intenção de estabelecer normas para os conteúdos feitos por IA juntamente com gravadoras musicais, delimitando, inclusive, como funcionará a questão dos direitos autorais e monetização.

YouTube + IA

Neal Mohan, CEO do YouTube, escreveu no blog da rede que a plataforma está investindo em atualizar suas políticas com novas regras sobre os conteúdos gerados artificialmente. Isso vale na hora de publicá-los (em relação ao que será permitido ou não) e, também, depois da postagem (em relação aos direitos autorais e à monetização para empresas e criadores de conteúdo).

No entanto, Mohan reconheceu que as IAs têm potencial para o bem a para o mal.

Os sistemas generativos de IA podem ampliar os desafios atuais, como abuso de marcas registradas e direitos autorais, desinformação, spam e muito mais. Mas a IA também pode ser usada para identificar esse tipo de conteúdo, e continuaremos a investir na tecnologia baseada em IA que nos ajuda a proteger nossa comunidade de espectadores, criadores, artistas e compositores.

Neal Mohan

Podcasts estão chegando ao YouTube Music
YouTube passará por mudanças com regras de IA; elas ainda não foram definidas (Foto: Shutterstock)

Regras

No post, o YouTube definiu três princípios que vão nortear a formulação das regras. Eles são:

No entanto, a plataforma ainda não anunciou quais serão os investimentos e as regras especificamente.

Parceria com gravadoras

Ainda segundo a publicação, um dos planos do YouTube para regular a IA na plataforma é se juntar à Universal Music Group (UMG), que agencia artistas como Annita, o vocalista do grupo OneRepublic, Ryan Tedder, além da obra de Frank Sinatra.

Juntas, as empresas vão criar uma incubadora musical: um grupo de musicistas que ajudará a coletar e fornecer insights sobre a arte que vem sendo gerada por IA.

Em uma outra declaração no blog do YouTube, o CEO da UMG, Lucian Grainge, afirmou que a intenção é “construir um ecossistema seguro, responsável e lucrativo de música e vídeo, onde artistas e compositores tenham a capacidade de manter sua integridade criativa, seu poder de escolha e serem compensados ​​​​de forma justa”.

Contexto

O anúncio da plataforma de vídeos veio depois de outras questões envolvendo IA e direitos autorais.

Primeiro, a canção “Heart On My Sleeve”, gerada artificialmente com vocais que aparentam ser de Drake e The Weeknd, viralizou no TikTok e foi parar no YouTube. No entanto, a UMG declarou que a música feria direitos autorais de Drake e foi retirada da plataforma.

Depois, um tribunal de Washington, nos EUA, definiu que a arte criada por IA não poderia se qualificar a direitos autorais, levantando um debate do que seria ou não regulável.