Ouro no Núcleo da Terra: O Enigma Revelado e as Possibilidades Espaciais
O nosso planeta esconde vastas quantidades de ouro – tanto que, em teoria, poderíamos cobrir toda a superfície terrestre com uma camada de 50 centímetros de espessura do metal precioso, de acordo com cálculos recentes. No entanto, a raridade e o alto valor do ouro persistem. A resposta para esse enigma reside nas profundezas inexploradas do núcleo da Terra.
Durante séculos, o núcleo terrestre foi um mistério envolto em enigmas, composto principalmente por ferro e níquel. Essa composição foi deduzida através da análise das ondas sísmicas geradas por terremotos.
Entretanto, cientistas descobriram que o núcleo também abriga impurezas, elementos que alteram sua densidade. Entre essas impurezas, destacam-se alguns metais preciosos, como urânio e tório, não apenas por suas características, mas também pela radioatividade, contribuindo para as altas temperaturas nessa região.
Por muito tempo, a quantidade exata dessas impurezas, incluindo os cobiçados metais preciosos, permaneceu um enigma. Até que uma equipe de cientistas lançou luz sobre essa questão intrigante. Sua teoria sugeria que certos asteroides poderiam compartilhar composições similares à Terra, uma vez que se originaram da mesma parte do disco protoplanetário primordial.
A chave para decifrar esse segredo estava nos meteoritos condritos carbonáceos originados desses asteroides. Ao analisar sua composição, os cientistas calcularam as proporções de elementos presentes na Terra. Subtraindo as concentrações conhecidas na crosta e manto terrestres, eles determinaram as quantidades no núcleo.
Apesar das incertezas, a equipe liderada pelo professor Bernard Wood, da Universidade Macquarie, Austrália, construiu um modelo que explicou as diferentes trajetórias dos elementos, confirmando sua hipótese. Observaram que elementos insolúveis em ferro líquido permaneceriam mais abundantes na crosta, caso o planeta não fosse uniforme. Isso também esclareceu anomalias nas concentrações de elementos no manto, intrigando geólogos há tempos.
O Ouro Intrigante e as Missões Espaciais
O ouro permanece como o elemento mais cobiçado nessa equação. De acordo com Wood, “mais de 99% do ouro da Terra está no núcleo”. Essa informação levanta a possibilidade de asteroides, fragmentos de nosso passado planetário, conterem quantidades significativas do metal.
Consciente disso, a NASA planeja enviar uma sonda em direção ao asteroide Psyche, um dos mais pesados de sua categoria, nos próximos meses.
Essa perspectiva, além de interesse científico, traz implicações econômicas. O valor “astronômico” desses asteroides frequentemente ignora que, se explorados em larga escala, os preços dos metais preciosos cairiam. O mesmo ocorreria se, por acaso, o ouro do núcleo terrestre fosse liberado em abundância.
Os estudos de Wood, publicados em revistas científicas como a Earth and Planetary Sciences em 2005 e Nature em 2006, resistiram ao teste do tempo, com citações subsequentes validando suas descobertas.
Fonte: Olhar Digital
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