O roteiro parece ter sido escrito para um filme em Hollywood (antes da greve, claro). Com um passado de glórias, um estrangeiro talentoso decide se mudar para os Estados Unidos para deixar a pressão profissional para trás e aceita o desafio em um modesto clube do país, o pior de sua liga. O que ninguém esperava é que este “azarão” passaria a imbatível em tão pouco tempo, com duas finais e um título inédito no intervalo de um mês.
O forasteiro em questão é Lionel Messi, e o clube que ousou sua contratação é o Inter Miami, que tem David Beckham como um dos sócio-proprietários. A história tem detalhes que a tornam ainda mais inverossímel. Basta ver os acontecimentos da noite desta quarta-feira, na US Cup.
Quis o destino colocar o FC Cincinnati, clube com melhor campanha até aqui na Major League Soccer, principal torneio dos EUA e Canadá, contra a equipe de Messi nas semifinais da Copa local. Um time sólido, talentoso e entrosado, que impôs sua superioridade abrindo 2 a 0 no placar. Parecia tudo perdido para o Inter Miami.
Leonardo Campana, inspirado por um discurso do capitão Messi ao intervalo, manteve a confiança na reação. Descontou o placar aos 23 minutos, após cruzamento de Messi. O gol do empate, como em qualquer bom roteiro, saiu no apagar das luzes, e com um lançamento de gênio do argentino para o equatoriano.
Na prorrogação, as duas equipes marcaram e o empate levou aos pênaltis. O Inter Miami desbancou na marca da cal o favoritismo do rival e chegou na final da Copa, a segunda em pouco mais de um mês desde a estreia de Messi.
Como Messi transformou o Inter Miami
O tamanho do desafio de Messi era imenso, embora a pressão fosse menor. Com apenas 18 pontos em 22 jogos, o Inter Miami é o lanterna do grupo leste, dono da pior pontuação entre os 29 clubes da peleja. Para muitos, a chegada do argentino seria muito mais importante pelo impacto fora de campo que dentro dele. Afinal, por melhor que fosse, o argentino não teria como mudar de imediato o cenário.
A chegada de Messi, no entanto, serviu como primeiro passo para mais reforços de peso. O craque “trouxe consigo” dois ex-companheiros de Barcelona – Jordi Alba e Sergio Busquets. Embora a dupla tenha ficado em segundo plano, a experiência e talento dos dois ajudou a construir os alicerces para o argentino brilhar: e como vem brilhando!
Desde que chegou a Miami, Messi fez oito partidas. A primeira em que passou em branco foi justamente a desta quarta-feira, pela Copa, quando deu duas assistências decisivas. Foram 10 gols e três passes para gol, mais de uma contribuição e meia direta para tentos por jogo. Mais que isso, o “pior time da MLS” se tornou imbatível.
O primeiro título veio na comemorativa Leagues Cup, criada para promover a Copa do Mundo de 2026. O torneio é novo, mas bastante competitivo: conta com os mais tradicionais clubes do México, que costumam levar a melhor nos duelos com a MLS. Não foi o que aconteceu: apenas o Monterrey terminou entre os quatro primeiros.
Como nesta quarta, Messi foi decisivo. Na final, marcou o gol do empate em 1 a 1. O troféu, primeiro título da história do Inter Miami, veio nas penalidades. Craque do torneio, o argentino terminou com 10 gols e a artilharia isolada.
A invencibilidade atual do Inter Miami é de oito jogos, todos com Messi em destaque. Na sua curta história, o time de Beckham nunca havia vivido invencibilidade tão longa – o recorde era de seis jogos. A estreia na MLS ainda não aconteceu, e não é certo se o argentino terá tempo para recolocar o time na zona de classificação para os playoffs ainda em 2023. Mas o torcedor local não se importa: vai para a sua segunda final e já aprendeu a comemorar títulos.
Messi pode ter seguido para a MLS em busca de uma rotina mais tranquila no fim de carreira. Para muitos, férias remuneradas antes da aposentadoria. No fim a diferença é pouca: na Europa, na Argentina ou nos Estados Unidos, quando o genial baixinho entra em campo a certeza é que a história está sendo escrita, e com um roteiro que parece ter saído de um filme repleto de exageros de Hollywood.
Fonte: Ogol
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