Você já iniciou a semana sabendo que vai ser “daquelas”? Cheia de compromissos, reuniões, trabalho… Acredite: a Lua também enfrenta essa mesma situação. O satélite natural da Terra está “com a agenda lotada” – inclusive, protagonizando um grande espetáculo chamado Superlua Azul.

Vamos entender:

Lua cheia “emoldurando” o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, em imagem captada de Niterói. Crédito: Marcello Cavalcanti

Afélio lunar

Conforme citado acima, na terça, a Lua alcançará o afélio, que é o ponto de sua órbita mais longe do Sol. Segundo o guia de observação astronômica InTheSky, isso acontece às 5h36 da manhã, quando ela estará a 1,0122 unidades astronômicas (UA) da nossa estrela hospedeira –  algo em torno de 151,8 milhões de km. (Todos os horários mencionados têm como referência o fuso de Brasília)

Nesse momento, a Terra estará entre a Lua e o Sol, a uma distância de 1,01 UA do astro rei (aproximadamente 151,5 milhões de km).

Segunda lua cheia de agosto no perigeu: a Superlua Azul

De forma bem simples e resumida, uma Superlua ocorre quando o nosso satélite natural chega à fase cheia praticamente ao mesmo tempo em que faz sua aproximação máxima com a Terra (atingindo o ponto chamado de perigeu).

“Mas, sem saber o quão perto a lua cheia precisa estar da Terra, não dá para cravar se esta ou aquela lua cheia é uma Superlua”, explica o colunista do Olhar DigitalMarcelo Zurita, que é presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA) e diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (BRAMON).

Segundo Zurita, até existem algumas tentativas de criar uma definição científica, completa e definitiva para o termo, mas é difícil chegar a um consenso, e talvez isso tenha algo a ver com ele vir da astrologia. “Na astronomia, sua utilização é recente e tem se mostrado uma boa forma de popularizar a ciência, mas muita gente ainda ‘torce o nariz’ para o termo, por considerá-lo um nome mercadológico para ‘vender’ a Lua Cheia no perigeu, que, na prática, não tem nada de super, nem representa nenhum fenômeno de interesse científico”.

Talvez por isso a União Astronômica Internacional (IAU) não demonstrou, até hoje, nenhum interesse em normatizar o termo. “Tudo que temos são as definições informais para a Superlua”, explica o astrônomo.

Registro da primeira Superlua de agosto compartilhado nas redes sociais

Pela definição do astrólogo Richard Nolle, “pai” do termo, pode-se chamar de Superlua quando a lua cheia está perto de (dentro de 90%) sua maior aproximação da Terra em uma determinada órbita (que, desta vez, será de 356.500 km). Assim, como a lua cheia desta terça-feira estará a cerca de 357 mil km do nosso planeta (de acordo com o site InTheSky), sim, enquadra-se como uma Superlua.

Zurita explica que, no meio científico, os astrônomos preferem o termo “perigeu-sizígia” ou simplesmente “Lua Cheia no Perigeu”, adotado para quando a Lua entra na fase cheia a menos de 24 horas do perigeu. “Neste critério, esta lua cheia é realmente uma Superlua, já que ela chega a essa fase cerca de 10 horas depois de atingir seu perigeu”. Isso porque o perigeu será alcançado às 12h54, e a Lua se tornará cheia às 22h35.

Sempre que a lua cheia acontece próxima ao perigeu, ela aparece até 14% maior e 30% mais brilhante, se comparada à lua cheia do apogeu (ponto mais afastado da Terra).

Imagem: Reprodução/Vox

A distância da Lua em relação à Terra varia porque sua órbita não é perfeitamente circular – é ligeiramente oval, traçando um caminho chamado uma elipse. À medida que ela atravessa esse caminho elíptico ao redor do nosso planeta a cada mês, sua distância varia entre 356.500 km no perigeu e 406.700 km no apogeu (ponto mais distante).

Quando um mês tem duas luas cheias, a segunda é chamada de Lua Azul (sendo ou não “super” – e esse nome não tem nada a ver com a coloração do astro). A primeira lua cheia de agosto foi a Superlua do Esturjão, que aconteceu no dia 1º.

Como a segunda lua cheia deste mês também acontece próxima ao perigeu lunar, esta semana teremos uma Superlua Azul.

Conjunção da Lua com Saturno: um reencontro

Encerrando a “turnê mensal” de agosto pelos planetas do Sistema Solar, a Lua volta a visitar Saturno, de quem já esteve juntinho no dia 3. Na quarta-feira (30), o gigante dos anéis vai aparecer bem próximo do nosso satélite natural no céu, em um fenômeno conhecido como conjunção astronômica.

De acordo com o site In-The-Sky, isso acontece às 15h07. Nesse momento, a Lua vai passar a pouco mais de 2º ao sul do gigante dos anéis.

Ainda segundo a plataforma, pouco mais de 1h30 depois ocorre o chamado appulse, termo que se refere à separação mínima aparente entre dois corpos no céu, de acordo com o guia de astronomia Starwalk Space.

O que diferencia as duas expressões é que, embora o termo “conjunção” também seja utilizado popularmente para representar uma aproximação aparente entre dois astros, tecnicamente, a conjunção astronômica só ocorre no momento em que os dois objetos compartilham a mesma ascensão reta (coordenada astronômica equivalente à longitude terrestre).

Configuração do céu no momento da conjunção entre a Lua e Saturno nesta quarta-feira (30). Crédito: SolarSystemScope

No entanto, devido à posição dos astros abaixo da linha do horizonte, eles não poderão ser observados em nenhum desses dois momentos. Do ponto de vista de um observador baseado em São Paulo, por exemplo, a dupla só começará a estar visível a partir das 17h29, permanecendo acessível até às 06h17 do dia seguinte. 

De qualquer forma, mesmo já não estando mais efetivamente em conjunção, Lua e Saturno ainda poderão ser vistos muito próximos um do outro ao longo da noite (não o suficiente para caberem dentro do campo de visão de um telescópio, mas facilmente observáveis a olho nu ou através de um par de binóculos).

A Lua estará em magnitude de -12.8, e a de Saturno será de 0.4, ambos na constelação de Aquário. Quanto mais brilhante um objeto parece, menor é o valor de sua magnitude (relação inversa). O Sol, por exemplo, que é o corpo mais brilhante do céu, tem magnitude aparente de -27.