Nas maiores profundezas oceânicas habitam estranhas formas de vida microscópica abissais, conhecidas como bactérias magnetotáticas, que são capazes de “detectar” os campos magnéticos da Terra.
Embora existam diversos registros desse tipo de criatura em terra e em águas rasas, esses seres raramente são vistos em águas oceânicas tão profundas quanto observado agora.
Esses “ímãs vivos” são parte de uma amostra coletada em 2012 durante uma expedição da Universidade de Tóquio na Fossa de Mariana, no oeste do Oceano Pacífico. A equipe analisou geneticamente essas amostras e conseguiu identificar as misteriosas bactérias magnetotáticas, relatando os resultados em um artigo publicado na revistaFrontiers in Microbiology.
Bactérias estavam em um campo de ventilação hidrotermal
Esta amostra foi coletada da borda de uma “chaminé” de um campo de ventilação hidrotermal, a cerca de 2.787 metros de profundidade. As condições podem ficar bastante extremas em locais como esse, que são essencialmente rachaduras no fundo do mar, onde a água superaquecida do interior da Terra sobe junto com ricos depósitos de minerais e metais.
“Descobrimos bactérias magnetotáticas vivendo na chaminé, o que não esperávamos. Devido à forma da chaminé, ela não tem um gradiente químico claro e vertical que essas bactérias normalmente preferem”, disse Yohey Suzuki, autor do estudo e professor associado da Escola de Pós-Graduação em Ciências da Universidade de Tóquio, em um comunicado.
“As bactérias que coletamos continham principalmente magnetossomos em forma de ‘bala’, que vemos como uma forma ‘primitiva’ e tão inferidos que não mudaram muito ao longo de muitos milênios. De fato, o ambiente em que os encontramos é semelhante ao início da Terra há cerca de 3,5 bilhões de anos, quando se estima que o ancestral das bactérias magnetotáticas tenha surgido”, acrescentou Suzuki.
As bactérias magnetotáticas foram descritas pela primeira vez pelo microbiologista Richard Blakemore. em 1975, embora outro cientista, Salvatore Bellini, já as tenha descoberto na década anterior com pouco alarde. Os superpoderes magnéticos dessas criaturas microscópicas se devem a organelas chamadas magnetossomos, que contêm cristais de ferro envoltos em uma membrana.
Outros animais também sentem os campos magnéticos da Terra
Muitos seres vivos têm uma sensibilidade a campos magnéticos, como tartarugas e pássaros, o que os ajuda a navegar pelo mundo. Com as bactérias magnetotáticas não é diferente, embora suas migrações sejam, obviamente, muito mais simples.
A principal teoria é que elas desenvolveram essa capacidade para poder navegar em áreas de baixa concentração de oxigênio. Seus apêndices podem ajudá-las a nadar razoavelmente bem, mas a atração magnética lhes dá um empurrão muito necessário em ambientes hostis.
Há até algumas especulações fascinantes de que as bactérias magnetotáticas podem estar por trás das capacidades de sensoriamento magnético dos animais, embora isso ainda esteja para ser provado.
Fonte: Olhar Digital
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