Por Cesar Sponchiado, CEO da Tunad

Nos últimos meses, temos testemunhado um “boom” de lançamentos de um modelo de televisão gratuito suportado por propaganda conhecidos como FAST (Free Ad-Supported TV Streaming). Nos Estados Unidos, a Amazon lançou nesta semana o Fire TV Channels App, oferecendo mais de 400 canais FAST. No Brasil, também estamos vendo essa tendência crescer, com a Globo estreando o canal do GE e outro de receitas em TV conectada. Esse fenômeno é uma resposta à mudança nas tendências de consumo de mídia.

A TV linear convencional, transmitida via antenas, cabos e satélites, está em declínio. A audiência está migrando para o novo modelo OTT (Over-The-Top), onde o conteúdo é entregue diretamente ao consumidor através da streaming na internet.

Os serviços de vídeo sob demanda (VOD) como Netflix, HBO Max, Star+, Apple TV e outros funcionam nessa infraestrutura online e fazem sucesso. Porém, o público pedia algo que viesse pra complementar esse modelo: canais com fluxo contínuo de conteúdos com uma curadoria da programação, da mesma maneira que é hoje na TV linear.

Essa tendência é impulsionada pelo cansaço das pessoas em ficar procurando conteúdos para assistir nas plataformas de vídeos sob demanda.

Outro motivo para o crescimento de lançamentos de canais FAST é a demanda por conteúdos gratuitos. Com as assinaturas de várias plataformas de streaming ficando cada vez mais caras, muitos consumidores estão buscando alternativas sem custos. No Brasil, onde nem todos têm acesso a essas plataformas, o modelo gratuito de TV tende a emplacar e substituir gradativamente o modelo de TV linear aberta.

Obstáculos

No entanto, a infraestrutura de internet do Brasil é um dos grandes obstáculos para a expansão do FAST. Segundo dados do IBGE de 2021, 90% dos domicílios brasileiros tinham acesso à internet, mas ainda há limitações de internet de qualidade em todo o país. A proporção de domicílios com internet na área rural subiu de 57,8% para 74,7% entre 2019 e 2021, enquanto na área urbana, ela subiu de 88,1% para 92,3%. O custo elevado da internet e a falta de acesso em áreas rurais e regiões mais pobres são barreiras significativas. A chegada do 5G nos próximos anos pode ser a solução para espalhar internet de qualidade pelo país – e essa é uma tendência que pode acelerar a adoção do modelo FAST.

Em contraponto, o aumento das smart TVs nas casas é um indicativo positivo para o FAST. Em 2021, a TV era o principal dispositivo de acesso à internet em 44,4% dos domicílios, superando, pela primeira vez, o computador (42,2%).

O modelo FAST está aqui para ficar. Com a combinação de conteúdo gratuito, experiência de visualização relaxada, e a demanda por alternativas acessíveis, o FAST está se posicionando como uma evolução natural da TV aberta. No Brasil, em particular, o potencial de crescimento é enorme, e a melhoria da infraestrutura de internet será fundamental para o sucesso. Podemos esperar muitos lançamentos daqui para frente, e esse modelo tende a ser um sucesso, oferecendo uma alternativa viável e atraente tanto para consumidores quanto para anunciantes. A reinvenção da TV gratuita no streaming é uma realidade, e o FAST está liderando o caminho.