A cultura viking é mundialmente difundida atualmente, no entanto, existe muito sobre eles que ainda não sabemos, como o porquê se tornaram viajantes. Isso acontece principalmente devido à dificuldade de encontrar registros escritos desses povos que habitavam o norte da Europa, mas agora um grupo de pesquisadores estão usando explosões solares para saber mais sobre eles.
Essa falta de registro escritos é porque boa parte dos vikings eram analfabetos. Os relatórios existentes sobre eles foram escritos por cristãos, que se beneficiavam ao chamá-los de pagãos violentos.
Durante muito tempo, pensou-se que a mudança que fez os vikings irem de pequenos agricultores para grandes viajantes e exploradores, foi a necessidade de comércio. Eles teriam participado na crescente rede comercial que se expandiu do Oriente Médio pela Rússia durante o crescimento da influência do Império Islâmico.
No entanto, pesquisas realizadas nos últimos anos apontaram que as extensas redes comerciais foram estabelecidas pelos vikings décadas antes do Império Islâmico expandir sua influência.
Cidade de Ribe e a explosão solar
RIbe, na Dinamarca, foi uma das primeiras cidades da Era Viking e estava localizada onde ninguém nunca havia se estabelecido. Algumas das estruturas do local foram construídas não muito tempo antes de 720 d.C. e sugeriam que o assentamento era utilizado como um centro de comércio e artesanato. No entanto, não era possível construir um calendário preciso do desenvolvimento do local.
É aí que entra o Sol. Em 2012, a pesquisadora japonesa, Fusa Miyake, descobriu que eventos envolvendo partículas vindas do Sol, como tempestades e erupções solares, causam picos acentuados no radiocarbono atmosférico durante um ano. Esses picos quando identificados em anéis de árvores ou sequências arqueológicas permitem uma datação muito mais precisa.
A partir do conhecimento de uma enorme explosão solar, que aconteceu em 775 d.C., um grupo de pesquisadores conseguiu identificar picos acentuados de radiocarbono em artefatos encontrados em Ribe. Isso proporcionou uma ancoragem cronológica que permitiu entender a sequência de eventos.
Este resultado mostra que a expansão das redes comerciais afro-eurasiáticas, caracterizada pela chegada de um grande número de contas do Médio Oriente, pode ser datada em Ribe com precisão em 790±10 d.C. — coincidindo com o início da Era Viking. No entanto, as importações trazidas por navio da Noruega chegavam já em 750 dC.
Søren Sindbæk, líder da pesquisa, em comunicado
Exploração viking do novo mundo
Além do sítio arqueológico de Ribe e a expansão das redes de comércio, a técnica que utiliza de explosões solares para melhorar a datação por radiocarbono também foi utilizada para descobrir a data exata da chegada dos vikings ao novo mundo.
Atualmente se sabe que os povos nórdicos chegaram à América do Norte, séculos antes de Cristóvão Colombo desembarcar na América do Sul em 1492. No entanto, quanto tempo antes isso aconteceu era um mistério.
A partir de uma tempestade solar massiva que aconteceu em 992 e evidências deixadas em artefatos trazidos por viking ao mundo novo, os pesquisadores conseguiram determinar que eles chegaram aqui em 1021. A presença de picos acentuados de radiocarbono nos anéis da madeira utilizada nos artefatos foi o que permitiu essa precisão.
Os vikings estiveram presentes na Terra Nova em 1021 d.C. A nossa nova data estabelece um marco para o conhecimento europeu das Américas e […] fornece um ponto de ligação definitivo para futuras pesquisas sobre as consequências iniciais da atividade transatlântica, tais como a transferência de conhecimento e o potencial intercâmbio de informação genética, biota e patologias.
Trecho de pesquisa publicada na revista Nature, em 2021
Fonte: Olhar Digital
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