Neste primeiro 7 de Setembro do terceiro mandato do presidente Lula (PT), o governo tem medido esforços para despolitizar o evento no qual, durante a gestão anterior, era data de manifestações de rua dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em entrevista à Jovem Pan News, o general Santos Cruz, ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo de Bolsonaro, avaliou esta iniciativa de despolitização como insuficiente: “O 7 de Setembro vai ser uma comemoração normal. Sobre os aspectos de despolitização, isso é importante, mas não é só despolitizar o 7 de Setembro e despolitizar as Forças Armadas. A despolitização tem que ser de vários setores da nossa vida pública, para que se tenha um pouco mais de paz social e que as disputas sejam mais civilizadas”. Para o militar reformado, setores como os da saúde e educação públicas também devem ser despolitizados neste processo para atenuar a polarização.
Neste sentido, Santos Cruz criticou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC), elaborada pelo governo, que pode proibir militares da ativa de disputarem eleições. O militar até pode se candidatar, desde que se licencie. Se for eleito, assume o mandato e, se não for eleito, volta à ativa. “Nós estamos em uma ideia de conflito o tempo todo, não é possível isso, tem ideias boas de um lado e ideias boas do outro. Tem que aproveitar tudo isso para ver como o Brasil vai para frente. Essa despolitização tem que ser mais ampla. Na parte das Forças Armadas, esse projeto que foi apresentado, eu considero ele incompleto e discriminatório. Eu concordo com o que está ali, mas aquilo ali tem que ser expandido, ele está absolutamente incompleto”, argumentou. O general também defendeu que, apesar de parte dos militares ter atuado politicamente nos últimos anos, isto não reflete um posicionamento institucional.
“Nas Forças Armadas, assim como todo cidadão eleitor, teve muita gente que estava entusiasmada pelas ideias políticas. Depois do segundo turno, aquela situação que já tinha de uma crença de algumas pessoas de que havia fraude nas eleições e, pior de tudo, uma crença de que as Forças Armadas deviam tomar uma decisão política. Aquele ambiente, com a montagem dos acampamentos depois do segundo turno, culminou no 8 de Janeiro, aquilo tem erros de pessoas e de algumas organizações de todo lado (…) No caso da contaminação, você teve contaminações individuais. Você não teve nas Forças Armadas uma resposta institucional, a resposta institucional foi exatamente não participar, essa foi a resposta institucional”, declarou. Confira a entrevista na íntegra no vídeo abaixo.
Fonte: Jovem Pan News
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