Um estudo recentemente publicado revelou uma estrela que esta sendo devorada por um buraco negro, uma vez por mês. A descoberta preenche uma lacuna nos eventos de perturbação que há algum tempo é procurada pelos astrônomos.

A estrela, chamada Swift J0230, é uma anã branca do tamanho do Sol e está localizada a cerca de 500 milhões de anos-luz da Terra. Ela chamou atenção dos astrônomos por estar emitindo flashes de luz que pareciam surgir enquanto seu material era sugado por um buraco negro. Os flashes duram cerca de 7 a 10 dias, param abruptamente e depois voltam a aparecer cerca de um mês depois.

Os dados coletados pelo Observatório Neil Gehrels Swift mostram a estrela perdendo três vezes a massa da Terra a cada vez que passa pelo buraco negro, num processo chamado perturbações de maré. Eventos como esse, quando uma estrela não é devora de uma vez só, já foram observados anteriormente, mas as explosões ocorriam numa frequência de horas ou uma vez por ano.

O Swift J0230 é uma adição interessante à classe das estrelas parcialmente perturbadas, pois nos mostra que as duas classes destes objetos já encontrados estão realmente ligadas, com o nosso novo sistema a dar-nos o elo que faltava.

Rob Eyles-Ferris, astrônomo, em comunicado

Perturbação parcial

Acredita-se que a Swift J0230 esteja próxima do buraco negro central da galaxia 2MASX J02301709+2836050, com cerca de 10 a 100 mil vezes a massa do Sol. No entanto, a localização da estrela coincide com uma supernova do tipo II descoberta em 2020. Assim, os flashes de luz poderiam ser explosões estelares, mas os pesquisadores apontam ser pouco provável a supernova ter evoluído para o objeto detectado durante as observações.

A descoberta mostra pela primeira vez um estrela do tamanho do Sol sendo devorada, além de demonstrar como pequenos buracos negros podem ser monstros cósmicos famintos. Os pesquisadores não sabem dizer ao certo o porquê dela estar sendo destruída parcialmente, mas uma pesquisa de 2021 sugere que as perturbações parciais desempenham um papel importante na morte das estrelas, podendo destruí-las “antes de serem completamente perturbadas”.