Contratação milionária do Manchester United e presente nessas Eliminatórias para a Euro com a seleção dinamarquesa, Rasmus Höjlund é a nova sensação do futebol nórdico. Mas a fama da família, apesar do sucesso do atacante, não se deve somente a Rasmus. Emil e Oscar, irmãos mais novos, recentemente foram promovidos ao time principal do Copenhague e prometem, também, buscar um futuro na seleção e nas principais ligas da Europa, com encontro já marcado no próximo mês na Liga dos Campeões.
Tudo começou, por sinal, com Anders Höjlund, pai do trio que foi também jogador de futebol profissional na Dinamarca. Teve carreira mais modesta, mas certamente iniciou a cultura de futebol na família. O lado esportivo pôde ser visto também na mãe, Kirsten Winther, que praticava o atletismo.
Martin Schmidt, jornalista do site Bold, principal página de futebol da Dinamarca, conversou com a nossa reportagem para nos ajudar a contar um pouco essa história. O jornalista ressalta a importância da família na carreira do trio.
“É claro que isso teve um papel muito importante no fato de os três irmãos irem muito bem no futebol, em termos de terem o profissionalismo e a mentalidade certa desde muito jovens”, comentou.
Desde muito cedo, os três irmãos acompanharam de perto a carreira do pai. Estavam presentes nos jogos e, quando chegavam em casa, transformavam o porão da família em um mini-campo de futebol. Se o inverno castigava do lado de fora, dentro de casa lá estavam eles, jogando “até desmaiarem”, brincou certa vez Anders. “Era a casa onde todo mundo passava a noite”.
O irmão mais velho, Rasmus, foi o primeiro a iniciar a carreira no futebol. E em um dos maiores clubes da cidade. A relação da família Höjlund com o Copenhague, 15 vezes campeão nacional, é um pouco de amor e ódio. Rasmus esteve longe de conseguir projeção no clube, apesar de, desde cedo, se mostrar um fora de série.
“Desde o início, você podia ver algum potencial, mas ele era um diamante bruto. Rápido e físico, mas o pacote ainda não estava completo. Então ele conseguiu apenas um papel de coadjuvante, entrando alguns minutos aqui e ali e nunca, de fato, conseguiu uma chance justa no Copenhague”, começou por comentar Martin.
“Óbvio que ele poderia mostrar do que era capaz nos treinamentos ao longo da semana, mas Jess Thorup (técnico da época) era mais conservador e escolhia os jogadores mais experientes para as partidas. Rasmus teve a chance de começar um jogo na Copa contra o Nykøbing e foi substituído após apenas 27 minutos de um péssimo jogo de toda a equipe. Ele teve bons momentos na Conference League, mas nunca na Superliga”, completou.
A alta competição por um lugar entre os 11, além do conservadorismo de Thorup, ceifaram os minutos de Rasmus em seu início de carreira. Dos 32 jogos que atuou pelo clube, apenas cinco foram como titular.
“O Copenhague investiu muito dinheiro em atacantes naquela época. Nomes importantes como Kamil Wilczek e Viktor Fischer estavam na frente na disputa por um lugar, e o jovem Jonas Wind também estava bem. Mikkel Kaufmann foi comprado do Aalborg por 3 milhões de euros e também estava acima. Com Jess Thorup, o Copenhague tinha problemas lançando jogadores, com exceção de Wind e Daramy”, explicou Martin.
Anders chegou a criticar publicamente a falta de oportunidades do filho no Copenhague. O pai foi a favor de uma mudança de ares, e Rasmus conseguiu mais protagonismo no Sturm Graz, da Áustria.
A boa passagem pelo futebol austríaco levou o dinamarquês para a Atalanta. E bastou uma temporada, com dez gols em 34 jogos, para o atacante ser comprado pelo Manchester United por R$ 400 milhões.
Rasmus estreou antes da data Fifa nos Red Devils, depois de se recuperar de lesão. E nesta semana, participou de sua sétima partida pela seleção dinamarquesa, pela qual já tem seis gols.
Se a passagem de Rasmus deixou uma relação um pouco conturbada com o Copenhague, com declarações críticas de Anders, as histórias de Emil e Oscar, os novos prodígios da família, deixam o clima um pouco mais leve com o tradicional clube.
Ambos os irmãos foram recentemente promovidos ao time principal, e a presença do técnico Jacob Neestrup, muito mais propício a lançar jovens, pode significar uma nova história para a família no clube.
Oscar, recentemente, foi elogiado por Neestrup. Qualificado como um “meia de muita habilidade, participativo, de grande intensidade para ajudar na pressão sem bola e muito bom com a bola nos pés”.
Emil tem um pouco da parte física de Rasmus, embora consiga atuar em mais posições no ataque. “Tecnicamente qualificado e fisicamente forte”, definiu Neestrup.
Os dois irmãos mais novos participaram da Eurocopa sub-17 com a Dinamarca ano passado. Estrearam essa temporada na equipe profissional do Copenhague.
Apesar do início promissor, já com participações nas seleções de base, Martin ainda é um pouco cauteloso quanto a imaginar a família Höjlund atuando junta na seleção principal.
“É definitivamente uma possibilidade, mas ainda acho cedo para prever se Oscar e Emil podem alcançar esse nível. Um problema para Oscar é a competição no meio-campo. Rasmus teve a vantagem de a Dinamarca sentir falta, por muitos anos, de um artilheiro. Claro que eles poderiam jogar juntos na seleção, mas seria uma surpresa para mim. Muitos talentos estão na frente de Emil e Oscar atualmente”, analisou.
Se um encontro na seleção ainda é incerto, e menos provável, os três irmãos devem se encontrar nessa Liga dos Campeões, com Rasmus como rival, já que o Manchester United ficou no mesmo grupo que o Copenhague, o A.
Nos dias 24 de outubro e 8 de novembro, a família deve se dividir no encontro entre os irmãos na Champions. Recentemente, Rasmus brincou sobre o fato.
“Eu liguei para meus irmãos após o sorteio. Nossos pais estão um pouco divididos, porque eles não sabem de que lado ficarão. Mas meus irmãos e eu estávamos tipo: ‘Vamos lá, está tudo certo. Nós somos pessoas muito competitivas, e é por isso que estamos onde estamos hoje em dia'”.
O encontro está marcado, em lados opostos. No futuro, o sonho que fica é a família, em peso, estar do mesmo lado, vestindo as cores da Dinamarca.
Fonte: Ogol
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