Um artigo publicado recentemente no Journal of Material Cultures in the Muslim World revela uma coleção de artefatos com cerca de 400 anos encontrados ao longo de uma antiga rota de peregrinação que ligava o Cairo, no Egito, à cidade de Meca (agora na Arábia Saudita), considerada a mais sagrada do mundo pelos muçulmanos.
Segundo os autores do estudo, esses objetos podem ter sido usados em “rituais mágicos” de cura de doenças ou proteção contra mau-olhado. Eles foram encontrados fragmentados e podem ter sido quebrados de forma proposital durante cerimônias.
Entre os artefatos, descobertos em Eilat, no sul de Israel, havia peças de argila, como a escultura de uma mulher nua (possivelmente, uma deusa) com as mãos erguidas, altares de incenso votivo em miniatura, fragmentos de chocalho, estatuetas de animais e uma variedade de seixos de quartzo coloridos e conchas do mar.
Peregrinos que viajavam por aquela estrada podem ter consultado “feiticeiros populares” durante suas jornadas, de acordo com a Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA). Para os muçulmanos, essa caminhada em direção a Meca, conhecida como hajj, é um compromisso religioso obrigatório que deve ser cumprido uma vez por ano (ou, pelo menos, uma vez na vida), segundo o site LiveScience.
Muçulmanos tinham rituais paralelos à religião oficial
Os pesquisadores dizem que sua descoberta evidencia que, no início do Período Otomano (também conhecido como Império Turco ou Turquia Otomana – de 1299 a 1993), além de seguir a religião oficial, as pessoas recorriam a “curandeiros” (algo muito comum até os dias de hoje).
Segundo os arqueólogos, fontes literárias também indicam a demanda por feitiçaria em diferentes segmentos da sociedade, paralelamente aos rituais religiosos formais, mesmo entre os muçulmanos.
Essa descoberta marca a primeira vez que uma variedade de objetos ritualísticos foi encontrada nesta região. A IAA pretende trabalhar com o Ministério do Turismo de Israel para transformar a rota e os sítios arqueológicos próximos em atrações turísticas, com atividades educativas enfatizando seu valor como patrimônio cultural.
Fonte: Olhar Digital
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