O torcedor do Corinthians ainda guarda mágoas da forma como Vítor Pereira saiu para acertar logo depois com o Flamengo. Duílio Monteiro, presidente do clube, chegou a atacar publicamente o ex-técnico, que acusou de “mentir” e questionou o seu caráter. O treinador luso, no entanto, prefere se agarrar as boas memórias de seu tempo por lá, em um clube que o conquistou em pouco tempo.
Para Vítor Pereira, a ligação com o Corinthians foi tão forte que pode ser comparada até a sua longa e vitoriosa relação com o Porto, de Portugal. O técnico explicou ainda que, mais que as questões pessoais, só deixou o time paulista por conta da falta de perspectivas melhores para 2023.
“A minha ligação no Porto foi de oito anos. A minha ligação com o Corinthians foi de oito meses. Se me perguntares, custou muito sair do Porto, mas senti que tinha de sair. Custou muito sair do Corinthians, mas também senti que tinha que sair. Por que não tinha a possibilidade de construir aquilo que queria. Por muito que eu quisesse”, abriu o jogo.
Apesar de ter passado depois pelo Flamengo, outro clube de massa no Brasil, as lembranças da torcida corintiana foram as que marcaram Vítor Pereira. Ao contrário da atribulada experiência no Rubro-Negro, o português construiu uma relação especial com a Fiel.
“Tu ouvires o teu nome cantado no estádio, em quase todos os jogos, ou naqueles grandes jogos. Ouvires o teu nome cantado em um treino aberto… Eu ali no Corinthians me senti de fato corintiano. Eu me senti de fato como mais um da família. Senti que fui acarinhado”, recordou.
“Senti também que não havia projeto absolutamente nenhum. Fazer melhor do que fizemos era praticamente impossível”, lamentou.
Nem mesmo as críticas pesadas de Duílio, e de reclamações de certos jogadores, como Fagner e Róger Guedes, fazem Vítor Pereira guardar rancor. Para o treinador, não foi por falta de empenho que o Corinthians se viu sem maiores perspectivas para 2023.
“Essencialmente a falta de dinheiro (era o problema). Eu acredito que eles tentem fazer o melhor possível. Não tenho dúvidas, apesar de depois o Duílio e alguns jogadores (terem o criticado)…”, argumentou bem-humorado.
“Eu enquanto tive no Corinthians, era irmão. Quando sai do Corinthians, passei a ser um delinquente. Mas deixei muitos amigos. Muita gente que me tratou tão bem, tão bem, que eu não consigo dizer nada negativo”, resumiu.
“Devia haver mais dinheiro para um investimento maior para de fato um clube daquela dimensão ter a possibilidade de lutar por títulos à sério”, lamentou.
A experiência no Brasil trouxe sentimentos contraditórios para Vítor Pereira. Se por um lado, a pressão, as críticas, o calendário e todo o ambiente agressivo do futebol brasileiro não deixam saudades, por outro a emoção o fez sempre querer mais. A Neo Química Arena foi o palco de alguns dos momentos mais memoráveis da carreira do treinador.
“Jogar em Itaquera provavelmente foi a experiência mais vibrante. Além daqueles jogos grandes no Dragão (estádio do Porto), mas em Itaquera você sente aquilo quase todos os jogos. Sentes a emoção, sentes o arrepio quase todos os jogos”, exaltou.
Vítor não tem dúvidas que o torcedor não esquecerá tão cedo a mágoa pela forma como deixou o clube, apenas para assinar logo depois com o Flamengo. Ainda assim, o técnico tem orgulho do trabalho feito.
“Não tenho dúvidas (que a saída para o Flamengo deixou mágoas). O trabalho no Corinthians para mim só não foi excelente por que nós perdemos aquela final da Copa do Brasil, em vantagem nos pênaltis, e enviamos um na trave e um por cima do gol. Se não… Nós tivemos o ano todo no G4, um tempo em primeiro e em segundo, sempre a lutar pelo G4. Fomos às quartas de final da Libertadores, eliminamos o Boca, fomos à final da Copa e merecíamos a Copa. Na minha humilde opinião, foi um trabalho de muito alto nível, para aquilo que nós tínhamos”, defendeu.
Fonte: Ogol
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