Quando o Brasil caiu para a Croácia, na última Copa do Mundo, no Catar, Neymar desabou em lágrimas. Ali, imaginou que teria chegado ao fim sua carreira na seleção brasileira. De fato, pensou sobre isso por dias. Ponderou. Optou por dar mais uma chance. E esteve no início do ciclo de Fernando Diniz na Amarelinha. Novo ciclo, novas esperanças. Para o camisa 10 do time, e também para o torcedor brasileiro.
Nessa nova jornada com Diniz, Neymar já conseguiu um grande feito: se tornar, de forma isolada, o maior artilheiro da história da seleção brasileira em jogos oficiais. Deixou abaixo na lista Pelé, o Rei do Futebol. Ser o maior artilheiro da seleção que mais títulos mundiais tem não é pouca coisa. É coisa de Neymar.
Celebrando a conquista, conseguimos ver Neymar sorrindo de novo. A seleção brasileira parece fazer bem para o craque, que esteve lesionado por tantos meses. Será que, por sua vez, Neymar ainda faz bem para a seleção brasileira?
Fernando Diniz, sempre que falou de Neymar nas coletivas, garantiu, quase que como promessa, que daria liberdade criativa a Neymar. E que seu principal objetivo, na primeira fase de construção, é fazer a bola chegar com qualidade, e em zonas decisivas, para o camisa 10.
Contra a Bolívia, vimos algumas vezes isso. O rival não é o maior parâmetro. Contra o Peru, Neymar sofreu. Errou mais do que o costume. A bola chegou “menos redonda”, é verdade. A seleção brasileira sofreu com a marcação alta dos peruanos. Ainda não adaptada ao jogo proposto por Diniz, mostrou muita dificuldade na primeira fase de construção. A saída a três não funcionou. Os laterais não foram construtores. Casemiro tampouco deu a tranquilidade que costuma dar, com mais erros que o habitual, talvez vítima de um mal momento que o assola também no Manchester United neste início de temporada.
O que se viu, no meio disso tudo, no meio de um jogo resolvido em uma bola parada (de Neymar para Marquinhos, de Marquinhos para o gol), foi que Neymar flutuou todo o campo. Teve liberdade criativa, e não só: teve quase uma anarquia posicional. Buscou movimentos sempre para criar linhas de passe e, ao mesmo tempo, receber em condições de progredir. No segundo tempo, sem conseguir achar tais espaços no último terço, recuou bastante, quase criando uma segunda linha na primeira fase de construção. Não deu sequência as jogadas como se esperava.
O início da “Era Diniz” na seleção, que promete nem ser uma era definitiva, ainda é de muitos ajustes. Com pouco tempo de treino, e escasso tempo até de conversa, o treinador está longe de incutir nos jogadores sua filosofia de jogo. Falta entendimento tático, entrosamento e, também, ritmo de jogo para muitos dos atletas, que estão em início de temporada na Europa. Falta muito ritmo de jogo para Neymar, voltando de lesão na longínqua Arábia Saudita.
Se ainda não conseguimos ver o melhor de Neymar, principalmente em jogos que dão mais parâmetro para análise, podemos fazer um exercício básico para entender se Neymar ainda faz bem para a seleção: quem cumpriria seu papel durante sua ausência? Na última Copa não achamos a resposta. E ela parece ainda longe do nosso horizonte.
O Brasil, com Diniz, precisa dessa referência criativa. Do camisa 10. A seleção brasileira sempre precisou do “diferente”, do jogador que pode resolver por si só, quando as coisas estão difíceis. Como Neymar fez contra a Croácia. E várias outras vezes. O fato de não ter ganhado Copa do Mundo não apaga os 79 gols. Os bons momentos que o torcedor viveu com seu camisa 10. Afastados da memória, talvez, pela ausência de um título mundial. Mas até isso o novo ciclo da seleção traz: a possibilidade de um desfecho de filme para a principal referência da seleção nos últimos anos. Há quem ache que é um conto de fadas. Mas quem nunca acreditou em um. Todas as estrelas da camisa amarela começaram com um sonho, e uma bola no pé…
Fonte: Ogol
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