Conforme noticiado pelo Olhar Digital, a NASA divulgou um relatório nesta quinta-feira (14) com um estudo independente focado em medidas que a agência pode tomar para ajudar o governo dos EUA a compreender os avistamentos de OVNIs – ou UAPs, na nova nomenclatura adotada. 

Enquanto o termo mais antigo trata de “Objetos Voadores Não-identificados”, a designação atual, que quer dizer “Fenômenos Anômalos Não-identificados”, é mais abrangente, englobando qualquer manifestação não só no ar como também no espaço e na água.

Embora os especialistas da NASA não tenham encontrado sinais de origens extraterrestres para nenhum dos avistamentos até hoje relatados, a agência mantém seus esforços nos estudos dos casos.

Uma captura de tela de um vídeo feito por um piloto da Marinha dos EUA de um suposto fenômeno anômalo não identificado em um campo de treinamento militar entre 2014 e 2015. Crédito: Departamento de Defesa dos Estados Unidos

“Há muito o que aprender”, diz chefe da NASA

“A principal conclusão do relatório é que há muito mais a aprender”, disse o administrador da entidade, Bill Nelson, na coletiva de imprensa promovida para divulgar o parecer. “A equipe de estudo independente da NASA não encontrou nenhuma evidência de que os UAPs tenham uma origem extraterrestre, mas não sabemos o que eles são”.

Agora, a agência está nomeando um diretor de pesquisa especializado em UAPs para aprimorar e supervisionar o estudo, revelou Nelson. “Usaremos a experiência da NASA para trabalhar com outras agências para investigar UAPs”.

O primeiro relatório da equipe de estudo de UAPs da NASA em nada acrescenta para desvendar o enigma dos OVNIs, mas lista ações que a agência pode fazer para ajudar a levar o tema adiante. 

O diretor da NASA, Bill Nelson, durante entrevista coletiva concedida pela agência para apresentar o primeiro relatório da investigação sobre os avistamentos de OVNIs por parte de militares e ex-funcionários do governo dos EUA. Crédito: NASA

Segundo o documento, por exemplo, a NASA pode contribuir melhor para a questão aproveitando seus satélites de observação da Terra para ajudar a fornecer melhores dados e evidências de UAPs.

“Atualmente, a análise de dados UAP é prejudicada pela má calibração do sensor, a falta de múltiplas medições, a falta de metadados do sensor e a falta de dados de linha de base”, diz o relatório. “Fazer um esforço concertado para melhorar todos os aspectos é vital, e a experiência da NASA deve ser amplamente aproveitada como parte de uma estratégia de aquisição de dados robusta e sistemática dentro de toda a estrutura do governo”.

Na coletiva, Nelson citou a falta de dados em torno do tema, acrescentando que, como os avistamentos de OVNIs são geralmente imprevisíveis e instantâneos, eles são difíceis de estudar cientificamente.

“Pense nisso: a maioria dos avistamentos de UAP resulta em dados muito limitados. Isso torna ainda mais difícil tirar conclusões científicas sobre a natureza do objeto”, disse o gestor. “E então esta equipe de estudo independente reuniu alguns dos principais cientistas, especialistas em dados e inteligência artificial do mundo, e especialistas em segurança aeroespacial, todos com uma carga específica para mim, que é dizer como aplicar todo o foco da ciência e dos dados aos UAPs”.

Abordagem científica dá mais credibilidade ao tema OVNIs

Ao abordar o tema sob uma perspectiva científica séria, argumenta o relatório, a agência poderia ajudar a remover os tabus e o estigma associados ao estudo de OVNIs, que há muito é visto como pseudocientífico. “O próprio envolvimento da NASA na coleta de dados futuros desempenhará um papel importante na redução do estigma associado aos relatórios UAP, o que muito provavelmente leva ao desgaste de dados no momento”.

Desde que ex-membros da comunidade de inteligência dos EUA e militares se apresentaram para compartilhar o que afirmam ser encontros com fenômenos não identificados, o governo está sendo pressionado a agir com mais clareza sobre o assunto.

Um ex-funcionário do Pentágono e veterano da Força Aérea dos EUA chegou a declarar em uma audiência realizada pelo Congresso em julho que a Casa Branca tem escondido naves espaciais e evidências de “material biológico não-humano”.

Nenhuma prova dessas alegações foi apresentada, mas vários parlamentares têm apoiado o aprofundamento e a transparência das investigações. Uma das providências tomadas pelo governo nesse sentido foi a criação de um site focado na publicação das denúncias e análises dos registros.