A Arm, empresa britânica de chips, iniciou negociações na bolsa estadunidense Nasdaq nesta semana. E esta foi a maior abertura de capital (IPO, na sigla em inglês) de 2023 nos EUA. Mesmo assim, muitas pessoas nunca ouviram falar da companhia – mas quase todo mundo usa seus produtos.

É que a Arm projeta partes de chips que estão dentro de quase todos os smartphones do mundo. Computadores da Apple, data centers da Amazon e uma parcela crescente de carros, por exemplo, também usam os produtos projetados pela empresa.

Atualmente, a Arm é uma participante dominante no setor de chips. Confira abaixo quatro perguntas-chave sobre a empresa de chips, respondidas pelo Wall Street Journal:

O que é a Arm?

Fachada de prédio da Arm
(Imagem: Tada Images/Shutterstock)

A Arm foi fundada em 1990 como uma joint venture entre a Apple, a VLSI Technology e a Acorn Computer, uma empresa de computação educacional no Reino Unido. A empresa projeta circuitos que são incorporados em chips, mas não os fabrica.

Primeiro, ela licencia um conjunto de padrões básicos de design de chip que determinam como os componentes são controlados pelo software. Sem esse protocolo, um chip não conseguiria processar os cálculos que os aplicativos desejam fazer, e o software não funcionaria.

Em segundo lugar, a Arm licencia designs de partes essenciais dos chips – os pequenos cérebros digitais dentro deles. Esse serviço economiza o esforço e o custo que os projetistas de chips teriam ao fazer isso por conta própria.

A japonesa SoftBank é proprietária da Arm desde 2016. Antes disso, ela era listada publicamente. A empresa japonesa vendeu 95,5 milhões de ações na última oferta pública inicial da empresa e arrecadou cerca de US$ 5 bilhões (aproximadamente R$ 24 bilhões). As ações representam cerca de 10% da empresa. E a SoftBank manteve as ações restantes.

Por que a abertura de capital da Arm é importante?

Celular com logotipo da Arm e linhas de ações financeiras ao fundo
(Imagem: Poetra.RH/Shutterstock)

Ao abrir seu capital, a Arm deve se debruçar mais sobre setores nos quais não participa tanto – por exemplo: indústria automotiva e computação em nuvem.

Além disso, a recepção positiva à sua abertura de capital – o preço das ações subiu após o início das negociações – foi vista como um sinal de apetite por parte dos investidores, após um longo período sem novas emissões significativas.

Ao final do seu primeiro dia como empresa pública, a Arm foi avaliada em quase US$ 69 bilhões (R$ 336 bilhões). Isso supera os aproximadamente US$ 32 bilhões (R$ 156 bilhões) que a SoftBank pagou para adquirir a Arm em 2016.

Quanto dinheiro a Arm rende?

Logotipo da Arm rodeado por chips
(Imagem: Ascannio/Shutterstock)

A Arm registrou US$ 2,68 bilhões (R$ 13 bilhões) de receita no seu último ano fiscal, que terminou em março de 2023. E teve lucro de US$ 524 milhões (R$ 2,5 bilhões) nesse período.

As vendas da Arm têm seguido uma trajetória ascendente nos últimos anos, embora tenham sido afetadas por uma queda nos envios de smartphones mais recentemente.

As vendas caíram cerca de 2,5% no seu trimestre mais recente, encerrado em junho. Foram para US$ 675 milhões (R$ 3,3 bilhões).

Quem são os clientes e concorrentes da Arm?

Celular com logotipo da Arm na tela e bandeira do Reino Unido ao fundo
(Imagem: Ascannio/Shutterstock)

Os principais clientes da Arm são empresas como a Qualcomm, que projeta processadores para celulares. A Apple tornou-se outro cliente importante nos últimos anos, à medida que a empresa passou a projetar seus próprios chips. A Amazon também usa chips baseados na tecnologia Arm.

A empresa britânica enfrenta competição tanto de iniciantes que utilizam um padrão de chip concorrente de código aberto chamado RISC-V quanto de grandes empresas de tecnologia que colocam cada vez mais sua própria circuitaria nos chips.

Os investidores apostam que os designs da Arm permanecerão em uso amplo à medida que a demanda por chips cresce e que seus concorrentes não conseguirão obter vantagem em relação a ela.

Além disso, a companhia está no centro de um complexo cenário geopolítico comercial. E o Olhar Digital explica os desafios que a Arm enfrenta para sua abertura de capital.

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