Cidade costeira de pouco menos de 300 mil habitantes no sudeste da Inglaterra, Brighton talvez nunca tenha sido tão feliz no futebol. O time da cidade, comandado por um italiano, Roberto de Zerbi, faz o torcedor sorrir fim de semana sim, e outro também. Ao menos no momento atual, que coloca a equipe no G4 da Premier League. No sábado, a vítima foi o poderoso Manchester United, em pleno Old Trafford, com uma vitória contundente.
De Zerbi havia chegado em Brighton ainda na temporada passada, para substituir Graham Potter, treinador que, após bela campanha, havia se mudado para Londres para dirigir o Chelsea. A história de um treinador italiano fazendo sucesso em uma equipe menor da Premier League não é tão incomum. Sem o mesmo sucesso de Claudio Ranieri em Leicester, mas ainda assim surpreendendo a todos, De Zerbi terminou a última temporada em sexto lugar.
O bom trabalho se manteve para a atual temporada, com um mercado movimentado. Apesar de ter perdido Mac Allister para o Liverpool e Moisés Caicedo para o Chelsea, os Seagulls trouxeram nomes como João Pedro, Carlos Baleba, Igor Júlio, Dahoud e James Milner, montando um elenco homogêneo.
O time que encanta a Europa sob o comando de De Zerbi adota formações táticas variáveis, fruto do elenco homogêneo e versátil que o italiano comanda. Preferencialmente, a equipe atua no 4-2-4, que vira 4-4-2 na fase defensiva e pode, também, ser alterado para 4-3-3 ao longo das partidas.
A primeira fase de construção do Brighton é feita, geralmente, com os dois zagueiros (Dunk e Jan Paul van Hecke foram os escolhidos nas últimas partidas) iniciando o lance, com Dahoud e Gross em uma linha mais adiantada como primeira opção de passe. Os laterais atuam entre a linha de lado e o círculo central, e os pontas ficam bem abertos e adiantados nos flancos. Há uma segunda linha de meias e, adiantados no centro, os dois atacantes.
Welbeck, titular em quatro jogos da Premier League, consegue também recuar um pouco para dar a opção de parede, recebendo, de costas, passe vertical de um dos zagueiros e dando sequência a jogada no último terço. O time troca bola sem pressa, invertendo o corredor até conseguir sair verticalmente.
O jogo com os pés do goleiro Steele é também de se ressaltar. Sem essa qualidade, certamente o jogo proposto por De Zerbi certamente não teria a mesma fluidez.
As movimentações e trocas de posições entre os dois atacantes são muito interessantes. Lallana, contra o United, fez movimentos de um segundo atacante. Welbeck leu bem essa situação e os dois se complementaram muito bem, ocupando bem os espaços deixados por um e outro.
No segundo tempo, entraram Ferguson e João Pedro. O irlandês foi titular contra o Newcastle, e fez um hat-trick. João Pedro foi seu companheiro de ataque neste jogo e foi titular, também, contra o Luton Town, marcando seu primeiro gol no campeonato. O segundo, anotou em Old Trafford.
A abundância nas opções ofensivas deixa De Zerbi tranquilo que o time seguirá funcionando, independente do momento do jogo e, também, em caso de algum desfalque. Welbeck, João Pedro e Ferguson são atacantes dinâmicos, com boa inteligência tática, alguma capacidade criativa e boa movimentação fora da área.
O Brighton tem o melhor ataque da Premier League, com 15 gols marcados. A dinâmica e coordenada movimentação dos jogadores (da primeira fase ao último terço) e a busca sempre por superioridade numérica no setor da bola fazem o Brithton criar com facilidade linhas de passe, conseguindo boas triangulações nos lados do campo. O time chega com eficiência em zonas de finalização.
O time de De Zerbi valoriza muito a posse de bola, e mostra entrosamento o suficiente para avançar no campo com a bola nos pés sem pressa, envolvendo o adversário até achar os espaços necessários para atacar com contundência. O Brighton teve mais posse de bola em todos os jogos da temporada, beirando os 80% contra o West Ham e superando os 70% diante do Luton Town.
Uma tendência vista no jogo diante do United, com Lamptey improvisado na canhota, foi de sempre levar o jogo para a direita. Mas Estupiñan, quando joga, coloca mais Mitoma no jogo e consegue dar profundidade pela canhota. A capacidade de apoio dos laterais é muito importante para a criação de superioridade numérica pelo flanco e, também, para triangulações.
Na fase defensiva, adota geralmente blocos médios para marcação. Quando busca adiantar para pressionar a primeira fase de construção do rival, usa uma linha de cinco muito agressiva próximo a área adversária.
Na transição defensiva, os pontas não costumam baixar tanto para ajudar os laterais, dando alguns sinais de vulnerabilidade principalmente quando está propondo o jogo. Apesar da cobertura dos meias, que nem sempre é eficiente, algumas vezes os atacantes adversários conseguem situações de 1 contra 1 contra os laterais, principalmente no lado direito da linha defensiva. Os Seagulls sofreram sete gols em cinco jogos.
Em Old Trafford, o Brighton jogou como se tivesse passando férias em um resort beira-mar em Hove. Como se fosse um hino ao bom futebol, encantando a Europa e voando alto na tabela da Premier League.
Fonte: Ogol
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