Nesta segunda-feira (18), a NASA confirmou que, após três tentativas fracassadas, o rover Curiosity conseguiu chegar a um destino desafiador em Marte: a cordilheira Gediz Vallis.
E por que esse local de difícil acesso valeu tanto esforço para o Curiosity? Os cientistas acreditam que há três bilhões de anos, quando o planeta era muito mais úmido do que esse mundo árido que é agora, poderosos fluxos de detritos carregavam lama e pedregulhos nos arredores de uma montanha conhecida como Monte Sharp. Segundo um comunicado da NASA, esses detritos “se espalharam em um ventilador que mais depois foi erodido pelo vento em uma crista imponente”.
Isso quer dizer que essa crista pode guardar provas do passado azul de Marte – além de informações sobre os antigos e perigosos deslizamentos de terra do planeta.
“Enormes rochas foram arrancadas da montanha lá em cima, desceram correndo e se espalharam em um leque abaixo”, disse o geólogo William Dietrich, membro da equipe da missão na Universidade da Califórnia, em Berkeley.
O objetivo foi alcançado em 14 de agosto, o 3.923º dia marciano (sol) da missão. Depois de se acomodar, o rover usou a Mastcam para registrar 136 imagens individuais do local, que foram unidas para formar um panorama de 360 graus que mais tarde foi aprimorado para fins visuais.
Saga do rover Curiosity a caminho de Gediz Vallis em Marte
Primeiro, o rover teve alguns problemas para acessar essa região há muito procurada no Planeta Vermelho depois de escalar um ponto em 2021 conhecido como Frontão Greenheugh, que os cientistas dizem ser uma formação rochosa muito difícil de escalar.
Então, no ano passado, o equipamento se deparou com algumas rochas com pontas afiadas, apelidadas de “gator-back“, espalhadas por outro caminho possível até a cordilheira. O apelido vem do fato de que essas rochas se assemelham a escamas nas costas de um jacaré (aligator back, em inglês). Acredita-se que essas rochas sejam feitas de arenito – o que também as tornou o tipo mais difícil de rocha que o Curiosity encontrou em Marte.
No início deste ano, o rover enfrentou outro problema no caminho para Gediz Vallis depois de examinar um trecho chamado Marker Band Valley. No comunicado, a NASA compara o trajeto àquela brincadeira em que uma lona molhada é colocada sobre um terreno para as crianças deslizarem nela. “Toda essa provação deixou o Curiosity em forma delicada”, diz a agência.
Mas agora, finalmente, o rover fez jus ao nome, sendo capaz de satisfazer a nossa curiosidade a respeito do tão cobiçado destino. “Depois de três anos, finalmente encontramos um local por meio do qual o Curiosity pôde acessar com segurança a crista íngreme”, disse Ashwin Vasavada, cientista do projeto Curiosity no Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da NASA. “É uma emoção poder alcançar e tocar rochas que foram transportadas de lugares no alto do Monte Sharp que nunca poderemos visitar com o Curiosity”.
O rover não consegue chegar ao pico do Monte Sharp, o que significa que dissecar rochas no chão que antes estavam no ápice da formação é uma oportunidade excepcionalmente importante.
Ele explora a montanha de cinco quilômetros de altura desde 2014, encontrando evidências de riachos antigos ao longo do caminho, “mas a cordilheira Gediz Vallis era uma área totalmente nova para investigar – e, na verdade, a seção mais jovem da região”, diz a NASA.
O que o rover encontrou?
O rover Curiosity passou 11 dias no cume. Durante esse tempo, ele fotografou rochas escuras que “claramente se originaram em outros lugares da montanha”, bem como outras mais abaixo da linha do cume, “algumas tão grandes quanto carros”.
Na ocasião, como dito anteriormente, ele também ofereceu aos cientistas as primeiras visões de perto de uma manifestação geológica chamada “ventilador de fluxo de detritos”, que se refere a um fenômeno em que os detritos que fluem por uma encosta se espalham em forma de leque.
“Os resultados desta campanha nos levarão a explicar melhor esses eventos não apenas em Marte, mas até mesmo na Terra, onde eles são um perigo natural”, disse Dietrich.
Curiosity pousou em Marte em 5 de agosto de 2012. A missão foi originalmente programada para durar um ano marciano, o equivalente a pouco menos de dois anos terrestres, mas sua longevidade superou (e muito) as expectativas. Ele já percorreu mais de 30,5 km, captou mais de 574 mil imagens e coletou mais de 40 amostras, que nos deram informações valiosas sobre a geologia e a história do planeta.
Fonte: Olhar Digital
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