Ao chegar mais cedo do que o esperado para 2023, o período de seca que atinge o norte do Brasil está interferindo na navegação do rio Amazonas, podendo reduzir a capacidade de transporte por ele em 40% esta semana e até 50% até outubro. Como é esta via que dá curso à produção da Zona Franca de Manaus, a situação pode influenciar até nas vendas da Black Friday.
Desde o mês passado a Marinha do Brasil decidiu restringir a navegação em rios no estado do Amazonas. “Recomendar todas as embarcações que navegam no Rio Amazonas, na Passagem do Tabocal e Enseada (foz) do Rio Madeira, e no Rio Solimões, na Enseada (foz) do rio Purus, a terem atenção especial quando a passagem por esses trechos, devendo observar restrições contidas nesta portaria”, diz a Portaria nº 158 da Capitania Fluvial Da Amazônia Ocidental, de 18 de agosto.
De acordo com o site AM Post, o setor de navegação está preocupado que o próximo afetado seja o próprio Rio Amazonas, que é a principal hidrovia da região. Os navios que trafegam por ele são os que permitem o escoamento da produção e abastecem a região com insumos básicos para a população e a indústria local.
Ainda segundo a publicação, os produtos que mais são atingidos pelo impacto são alimentos (arroz, congelados e resfriados), cimento, metais, cerâmica, porcelanato e fertilizantes. Consequentemente, isso pode refletir em aumento direto do preço dessas mercadorias – pela escassez e por aumento no frete.
Efeito da seca sobre a Zona Franca de Manaus
Outra consequência para essa restrição de navegação fluvial é que a Zona Franca de Manaus não consegue escoar seus produtos, o que, dependendo da duração da crise, pode provocar o desabastecimento no mercado no Sul e Sudeste, principalmente na Black Friday.
Esta data inaugura a temporada de compras de Natal e é muito aguardada pois geralmente apresenta significativas promoções em diversos setores do comércio. Acontece um dia depois do Dia de Ação de Graças nos EUA, ou seja, no dia seguinte à quarta quinta-feira do mês de novembro.
“Manaus é uma ilha, não tendo produção de itens como alface e arroz. Nós é que levamos os insumos para lá, o ferro, a areia, o cimento. E também tiramos a produção feita lá. E como não estamos conseguindo navegar com o volume de carga normal, já prevemos para duas semanas uma redução de 45% da nossa capacidade de transporte”, disse Luis Fernando Resano, diretor-executivo da Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem (Abac), ao jornal O Estado de S. Paulo, que entrou em contato com os ministérios dos Transportes e de Portos e Aeroportos, já que ambos têm iniciativas ligadas ao setor.
De acordo com o informado pela pasta de Portos, o órgão responsável pela segurança da navegação é a Marinha do Brasil, que autoriza o curso ou aplica possíveis restrições e a impossibilidade de percorrer determinados trechos. “O Ministério de Portos e Aeroportos, juntamente com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), acompanha a situação e está preparado para fazer a intervenção necessária nos trechos possivelmente indicados”.
Fonte: Olhar Digital
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