O primeiro e o último título da Liga dos Campeões de Pep Guardiola são separados por 14 anos. O treinador catalão é referência de técnico há uma década e meia. A receita do sucesso é a busca, incessável, por inovação. A evolução da carreira de Pep mostra que o treinador nunca se prendeu a um esquema, embora seu jogo tivesse uma identidade própria. Continuou se reinventando. Como faz agora, em sua oitava temporada de Manchester City.
Líder e 100% na Premier League após seis jogos, o City apresenta novidades com relação as últimas temporadas. Não apenas caras novas, mas também uma outra opção tática que dá um dinamismo diferente ao time e oxigena a equipe que busca sempre se manter no topo, nacional e internacionalmente.
No primeiro de seus 422 jogos na Inglaterra, Guardiola usou como base de formação inicial o 4-3-3 que o levou ao topo da Europa na Catalunha. Ao longo dos anos, porém, formações e funções de jogadores foram mudando para manter o time no topo do futebol inglês e levá-lo, enfim, ao topo da Europa.
Assim como o treinador já havia feito em seus trabalhos anteriores. Na Catalunha, apesar de manter a base do 4-3-3 como formação inicial, ao longo dos anos Pep mudou a função de muitos jogadores. Mascherano, por exemplo, virou um zagueiro para qualificar a saída de bola do time. Messi, o falso 9, papel que Villa chegou, também, a desempenhar. O falso 9 de Pep na Catalunha foi uma marca que significou quase uma revolução.
No Bayern, o treinador começou com laterais buscando o overlap (ataque a profundidade, com pontas cortando para dentro) e terminou com preferência pelo underlap (laterais construtores, influentes em uma região mais central do campo, para pensar o jogo, enquanto os pontas atacam a profundidade no lado do campo). O técnico mudou, para sempre, as carreiras de Lahm e Kimmich, que deixaram a lateral para atuar como meias na função de 6 (o meia responsável por fazer o jogo fluir, na função que Xavi fez tão bem na Catalunha).
Em Munique, Guardiola levou mais tempo para adaptar seu jogo de posição, pela diferente dinâmica da Bundesliga, um campeonato de muitas transições rápidas. O treinador, na verdade, adaptou seu jogo para conseguir triunfar por lá. E foi campeão nacional nos três anos que lá esteve, vencendo ainda duas Copas. Pep chegou a usar nove formações táticas diferentes na temporada 2014-2015, indo do 4-3-3 ao 3-1-2-1-3. Fez da versatilidade do elenco (que muitos nem sabiam que existia) o grande trunfo.
O City, de Pep, também seguiu em constante evolução ao longo dos anos. A imposição dos laterais construtores, por exemplo, ajudou na transição defensiva, já que os laterais não avançavam tanto pela linha de fundo e ficavam mais próximos do campo defensivo. Cancelo, geralmente, era esse homem, que se juntava a linha de zagueiros na transição defensiva, acompanhado de um meia caso Walker avançasse do outro lado. Essa ideia surgiu pela dificuldade que o time teve nas transições defensivas na primeira temporada de Pep, quando o City concedeu gols importantes em contra-ataques adversários e mostrou fragilidade na reação pós perda.
O time, também, foi deixando, aos poucos, de ter um camisa 9 fixo (Nolito foi o primeiro, Aguero e Jesus alternaram a função durante muitos anos), e cada vez mais adotando um “falso 9”, com De Bruyne e Foden capazes de cumprir tal função (e não só eles, Mahrez é outro entre tantos exemplos práticos). Agora, com Haaland, a camisa 9 voltou a ser usada no comando de ataque como referência.
Depois de conseguir o título que tanto buscou nos últimos anos, o da Liga dos Campeões, Pep iniciou uma nova etapa de seu projeto no Etihad. Fora de campo, buscou atuar no mercado procurando renovar a equipe para iniciar um novo ciclo vitorioso.
Em campo, já podemos notar um time com algumas variações novas. Se durante muitas temporadas Pep preferiu laterais por dentro, mesmo que alternasse entre o 4-2-3-1, o 4-4-2, o 4-3-3 e o 3-4-3, na nova temporada o catalão busca dar amplitude com os alas em um 3-1-5-1. O time avança no campo com mecanismos um pouco diferentes.
A primeira fase de construção é feita com uma saída 3+1, com Rodri sendo esse 1 na frente dos três zagueiros (o espanhol é peça decisiva nessa dinâmica, mas pode ter como opção Kalvin Phillips, que desempenha função parecida). Foden e Matheus Nunes (e vamos aqui usar nominalmente a base do time que vem atuando, mas as peças podem, e devem, mudar, embora a mecânica siga a mesma) atuam em uma linha mais adiantada, cada um por um lado, e Julián Álvarez centralizado. Doku, na canhota, e Walker, na direita, dão amplitude, para abrir a defesa adversária, atacando também a profundidade, e Haaland é a referência no comando de ataque.
Doku (Grealish pode também desempenhar esse papel) dá mais repertório no 1 contra 1, se caracterizando por arriscar muitos dribles. Na fase defensiva, ele vira um ala, fechando na linha de cinco da defesa. O City defende em um 5-4-1. A presença dos meias na cobertura e a fisicidade dos alas mantém a intensidade e a eficiência na transição defensiva.
O retorno de De Bruyne ao time titular dificilmente abalará a nova dinâmica proposta por Pep, até porque, dentro desse esqueleto tático, o belga pode desempenhar algumas das funções (seja a de Foden ou a de Álvarez). Apesar de nada ser imutável ao longo da temporada. E muito pelo contrário: Pep mostra que a tendência é a mudança. Até o momento, o City mostra uma nova cara bem atraente, que mantém o time com 100% de aproveitando na nova temporada da Premier League.
🔝A campanha do City na Premier League:
🏟️6 jogos
✅6 vitórias
📈100% de aproveitamento
⚽️16 gols marcados
⌚️33 minutos para marcar um gol
🥅3 gols sofridos
🧤3 clean sheets
⚔️180 minutos para sofrer um gol pic.twitter.com/a6N7ViCjUx
Fonte: Ogol
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