Descobrir se já existiu, ou ainda existe, vida em Marte é um dos objetivos de estarmos interessados na exploração do planeta. O medo dos cientistas é de que já podemos ter encontrado evidências de seres vivos por lá, mas não conseguimos identificá-los. Agora, uma inteligência artificial pode nos ajudar a diferenciar coisas vivas e não vivas, com uma taxa de 90% de sucesso.
O programa foi desenvolvido a partir de aprendizado de máquina, onde os pesquisadores treinaram a IA para diferenciar vida de não-vida. Ela foi ensinada com formas de vida terrestre, mas os pesquisadores acreditam haver grandes chances dela também funcionar em Marte.
Para conduzir o teste, relatado em um estudo recentemente publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, foram utilizados 134 amostras ricas em carbono. 59 delas eram de origem biológica, que inclui cascas, folhas e até mesmo petróleo bruto, e 75 de origem não biológica, como meteoritos ricos em carbono e aminoácidos produzidos artificialmente.
As amostras passaram por uma análise conhecida como espectroscopia de massa com cromatografia gasosa de pirólise (GCMS). O processo envolve aquecer materiais sem oxigênio e depois separá-los para as moléculas componentes poderem ser identificadas.
O programa foi um sucesso
Segundo os desenvolvedores do programa, em uma sessão de apresentação de resultados na Goldschmidt Geochemistry Conference, a IA parece ter aprendido que produtos biológicos geralmente atingem um nível de complexidade difícil de encontrar em coisas sem vida. Assim, ela conseguiu distinguir amostras de origem viva e não viva com precisão de mais de 90%, e a taxa de sucesso pode melhorar ainda mais à medida que outras amostras forem apresentadas.
Há algumas implicações interessantes e profundas que decorrem deste trabalho. Primeiro, podemos aplicar estes métodos a amostras antigas da Terra e de Marte, para descobrir se alguma vez estiveram vivas. Isto é obviamente importante para verificar se existia vida em Marte, mas também pode ajudar-nos a analisar amostras muito antigas da Terra, para nos ajudar a compreender quando a vida começou.
Robert Hazen, líder do estudo, em comunicado
Os pesquisadores apontaram que treinaram o programa para diferenciar amostras bióticas e abióticas. No entanto, a inteligência artificial conseguiu identificar três populações distintas: abiótica, biótica viva e biótica fóssil, podendo distinguir entre amostras de vida antiga e recente.
Com essas habilidades, a IA pode revolucionar a busca por vida extraterrestre e ser utilizada em rovers, sondas e espaçonaves robóticas para encontrar evidências de vida antes mesmo que as amostras retornem à Terra. Além disso, o programa pode melhorar a compreensão da origem e da química da vida mais antiga do nosso planeta.
O grande problema é somente se o programa realmente conseguirá identificar vida com origem completamente diferente daquelas às quais ele foi treinado. No entanto, os pesquisadores estão otimistas.
Fonte: Olhar Digital
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