Um artigo publicado quarta-feira (27) no periódico científico The Astrophysical Journal traz uma nova teoria sobre a formação dos icônicos anéis de Saturno. Segundo o novo estudo, eles teriam surgido como resultado de uma monstruosa colisão entre duas luas geladas.

Para quem tem pressa:

Os autores se basearam em dados coletados pela missão Cassini, da NASA, que orbitou o planeta por 13 anos, entre 2004 e 2017. A sonda descobriu que o material que compõe os anéis, observado pela primeira vez por Galileu Galilei em 1610, consiste em fragmentos gelados totalmente puros e não poluídos pela poeira. Isso sugere que eles devem ser bastante jovens, com apenas alguns milhões de anos – quase nada se comparado aos 4,5 bilhões de anos do Sistema Solar.

Usando supercomputadores poderosos, os pesquisadores, especialistas da NASA e da Universidade de Durham, simularam cerca de 200 cenários de colisões que poderiam ter dado origem às estruturas. 

Impacto teria liberado material suficiente para formação dos anéis de Saturno

Os resultados revelaram que um choque entre duas luas tão grandes quanto Dione e Rhea (que têm diâmetros equivalentes a um terço e pouco menos da metade do diâmetro da Lua da Terra, respectivamente) poderia explicar a existência desses anéis.

“Testamos uma hipótese para a formação recente dos anéis de Saturno e descobrimos que um impacto de luas geladas é capaz de enviar material suficiente perto do planeta para formar os anéis que vemos agora”, disse Vincent Eke, professor associado do Departamento de Física/Instituto de Cosmologia Computacional da Universidade de Durham, em um comunicado.

Cientistas criam cerca de 200 possíveis cenários de colisões entre luas antigas de Saturno para entender a formação dos anéis. Crédito: NASA/JPL-Caltech/Space Science Institute

Enquanto os anéis são feitos quase totalmente de gelo, os cientistas acreditam que as luas de Saturno têm núcleos rochosos. As simulações confirmaram que os fragmentos gelados e os pedaços rochosos se espalhariam de maneiras diferentes após uma colisão, permitindo que as rochas se aglutinassem em novas luas enquanto o gelo se dispersaria em órbitas mais próximas da superfície de Saturno.

As simulações mostram que muitas das colisões hipotéticas injetariam muito gelo em altitudes mais baixas, enquanto as rochas se aglomerariam em órbitas mais altas.

“Esse cenário naturalmente leva a anéis ricos em gelo porque, quando as luas progenitoras se chocam umas com as outras, a rocha nos núcleos dos corpos em colisão é dispersa menos amplamente do que o gelo sobrejacente”, disse Eke.

Conforme destaca o site Space.com, as luas cobertas de gelo de Saturno são de grande interesse para os cientistas, pois algumas delas, como Encélado, podem apresentar condições adequadas para o surgimento de vida. Ainda há muito que os cientistas não sabem sobre a história de Saturno, e os resultados deste estudo são apenas um pequeno passo para desvendar os mistérios do planeta.