Em 1997, durante extrações em uma pedreira na Escócia, conhecida como Upper Largie, um esqueleto foi encontrado enterrado, agachado em sua sepultura. Agora, um grupo de pesquisadores fez uma reconstrução facial do indivíduo que data da Idade do Bronze.

Após ser descoberto, o esqueleto passou por uma análise óssea e dentária que revelou que os restos mortais pertenciam a uma jovem de cerca de 20 anos que passou por períodos de doença e desnutrição. A datação de radiocarbono revelou que ela teria vivido entre 1500 a 2200 a.C., no início da Idade do Bronze. Além disso, análises de diferentes tipos de isótopos no esqueleto, como oxigênio e estrôncio, revelaram que ela teria vivido sua vida na Escócia.

Em sua sepultura foram encontrados fragmentos de cerâmica Beaker, sugerindo que ela pertencia a esse povo. Eles teriam vindo das estepes da Eurásia e chegado até Grã-Bretanha por volta 2400 a.C., tendo substituído a maioria da população que anteriormente viviam nas ilhas, inclusive comunidades neolíticas que construíram monumentos como Stonehenge. No entanto, pouco se sabe sobre a mulher.

Reconstrução do rosto

Para a reconstrução do busto da jovem, exibida em 3 de setembro no Museu Kilmartin, na Escócia, os pesquisadores tiveram que partir para especulações. Não sendo possível extrair o DNA do esqueleto, os pesquisadores não poderiam determinar a cor de sua pele, cabelos e olhos. A partir de outras amostras genéticas de humanos, mais bem preservadas, que datam do mesmo período e região, os pesquisadores conseguiram ter uma ideia de como ela poderia ser.

O crânio da mulher foi escaneado por tomografia computadorizada e depois impresso em 3D. No entanto, o lado esquerdo do seu rosto estava muito danificado e sua mandíbula não foi encontrada, sendo necessário reconstruí-los. Depois disso, foi a hora de adicionar os tecidos. 

Reconstrução passo a passo do busto da mulher (Crédito: Oscar Nilsson)

Para simular os sinais de desnutrição nos tecidos, os pesquisadores consultaram um banco de dados de indivíduos modernos, com características semelhantes e iniciaram a reconstrução. O resultado foi uma mulher com olhos arregalados, nariz e boca largos, testa arredondada, cabelos escuros e trançados, e que não parecia tão doente assim. Além disso, também foram adicionadas uma vestimenta feita com pele de veado e uma expressão ao seu rosto para que ela se comunicasse com quem a visse.

Ao fazer uma reconstrução, geralmente penso que estamos olhando para o mundo deles, [o que significa] que eles não nos veem. Achei que seria uma ideia interessante distorcer um pouco isso e realmente pensar que ela pode nos ver. E como você pode ver, ela parece um pouco crítica conosco (não a culpo por isso…) 

Oscar Nilsson, artista forense por trás da reconstrução