Sábado, Dezembro 6, 2025
spot_img
Início TECNOLOGIA E ENTRETENIMENTO Caixinhas que “abraçam árvores” combatem desmatamento da Amazônia com IA

Caixinhas que “abraçam árvores” combatem desmatamento da Amazônia com IA

fibra ótica amazônia

Pequenas caixas equipadas com inteligência artificial (IA) estão sendo utilizadas como uma nova arma contra o desmatamento na Amazônia brasileira. Nomeadas de “curupiras”, em homenagem a uma criatura folclórica da floresta que caça caçadores e caçadores furtivos, essas caixas são equipadas com sensores e software treinados para “reconhecer os sons de motosserras e tratores, ou qualquer coisa que possa causar desmatamento”, conforme explica o gerente do projeto, Thiago Almeida.

Leia mais:

Conforme relatado pelo Euronews, o projeto, que acaba de concluir sua fase piloto com 10 caixas protótipo fixadas em árvores numa área densamente florestada perto de Manaus, capital do estado do Amazonas, utiliza a IA treinada para prevenir o desmatamento ilegal.

“Gravamos o som de motosserras e tratores na floresta… e todos os sons coletados foram repassados para a equipe de IA treinar [o programa] para que… reconhecesse apenas esses sons e não os sons característicos da floresta, como animais, vegetação e chuva.”

Thiago Almeida

Como a inteligência artificial pode ajudar a combater o desmatamento na Amazônia

Ao identificar uma ameaça, os detalhes podem ser transmitidos para um ponto central e agentes podem ser enviados para lidar com a situação. “A vantagem desse sistema é que ele pode detectar um ataque… ou uma ameaça em tempo real”, afirma o pesquisador Raimundo Claudio Gomes, da Universidade Estadual do Amazonas, que está por trás do projeto.

Diferentemente dos dados de satélite, que revelam o desmatamento apenas após o fato, os “curupiras” podem detectar “quando a destruição começa”. Os sensores, que se assemelham a pequenos modems de internet, são, na verdade, sem fio e podem transmitir dados até um quilômetro via satélite para outros em uma rede.

Os primeiros resultados do projeto, financiado pela empresa brasileira Hana Electronics, têm sido “muito promissores”, diz Gomes. A equipe agora busca mais financiamento para adicionar centenas de sensores ao sistema, incluindo aqueles capazes de detectar fumaça e calor provenientes de incêndios florestais.

Gomes destaca que, ao contrário dos sistemas baseados em sensores de áudio já utilizados em outros países, o projeto de Manaus é relativamente barato, pois não requer grandes antenas para a transmissão de dados. Cada sensor custa entre R$ 1068 e R$ 1602 para ser fabricado.

A iniciativa surge em um contexto onde o desmatamento na Amazônia tem sido uma preocupação global, especialmente considerando que o antecessor de extrema-direita, Jair Bolsonaro, presidiu um aumento de mais de 75% no desmatamento anual médio da Amazônia em comparação com a década anterior.

Os “curupiras” representam, assim, uma esperança tecnológica e ambiental na luta contra o desmatamento, unindo mitologia e tecnologia em prol da preservação da maior floresta tropical do mundo.

Fonte: Olhar Digital

Comentários