Centro de Transplante de Fígado e Rim será inaugurado em Campo Grande
Nos próximos meses, o primeiro Centro de Transplante de Fígado e Rim de Mato Grosso do Sul iniciará suas operações na capital, Campo Grande. A Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) tem a expectativa de que o Estado execute 70 transplantes de fígado anualmente com a ativação do centro.
O Governo Estadual formalizou um convênio com o Hospital Adventista do Pênfigo, em cerimônia realizada no dia 29, para instalar e habilitar o Centro de Transplante na cidade. O governador Eduardo Riedel, presente no evento, enfatizou a importância de uma estrutura adequada para atender os pacientes de todo o Estado.
“Essas iniciativas colocam o Estado como referência, com capacidade para realizar transplantes de órgãos. Vamos reduzir as filas de espera, tanto aqui quanto em todo o Brasil, começando pelos transplantes de fígado. Isso marca um momento histórico em Mato Grosso do Sul na construção do Estado que queremos ver. Estamos dando um passo muito importante”, afirmou Riedel.
Com um aporte financeiro de R$ 1 milhão, proveniente de emenda parlamentar do deputado federal Beto Pereira, o Hospital Adventista do Pênfigo terá a capacidade de atender integralmente os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).
“Este é o primeiro passo para a realização, em breve, de transplantes de fígado em Mato Grosso do Sul. Além disso, no mês passado, assinamos um termo de compromisso, que está em fase de formalização de contrato, para que o hospital da Cassems faça transplante de medula. A expectativa é que ainda este ano, a cada 45 dias, um paciente do SUS seja atendido”, explicou o secretário de Estado de Saúde, Maurício Simões.
Um dos principais benefícios do Centro Transplantador é que os pacientes não precisarão mais se deslocar até Sorocaba (SP), onde está localizado o hospital de referência para transplantes de fígado para pacientes de Mato Grosso do Sul.
“A destinação de recursos via Governo do Estado por meio de emenda possibilita que o Hospital do Pênfigo possa realizar um trabalho inédito. É um avanço significativo para Mato Grosso do Sul e Campo Grande neste momento. Estamos viabilizando a compra de equipamentos e habilitando o Centro para que, através do SUS, ofereça o transplante de fígado. É fundamental ressaltar que a população sul-mato-grossense será beneficiada e que também podemos nos tornar uma referência para outros estados”, destacou o deputado federal Beto Pereira.
Neste ano, Mato Grosso do Sul já realizou a captação de 13 órgãos (fígado) para transplantes em pacientes de todo o Brasil, em Sorocaba (SP), representando um aumento de 30% em relação a 2022, quando foram realizadas dez captações. Atualmente, 15 pacientes do Estado aguardam por um transplante de fígado e outros 20 estão em avaliação.
Pedro Vinícius Dias, estudante de 19 anos, teve um transplante de fígado no ano passado e passou pelo procedimento apenas dois dias após entrar na fila de espera. Para ele, que enfrentou uma doença autoimune e teve um diagnóstico tardio, a inauguração do novo Centro de Transplante de Fígado e Rim representa uma melhoria significativa no atendimento aos pacientes do Estado.
“Essa assinatura é de extrema importância para que os próximos pacientes tenham uma boa recuperação e estejam próximos da família. Atualmente, os pacientes que precisam de transplante têm que ir para outra cidade, enfrentando todas as dificuldades e ficando longe de suas famílias. Agora, finalmente, poderemos ter o transplante aqui no Estado”, comemorou Pedro.
Além da melhoria no diagnóstico e atendimento aos pacientes na lista de espera por transplantes, há uma preocupação em aumentar a quantidade de doadores de órgãos e tecidos.
“Mato Grosso do Sul tem um dos maiores índices de rejeição por parte das famílias em relação aos transplantes, chegando a 80%, enquanto no Brasil é 40%. Isso é limitante, mas com o novo Centro, poderemos atender pessoas de todo o país. No caso do fígado, muitos pacientes daqui não conseguem enfrentar a viagem de quase mil quilômetros até Sorocaba para fazer o procedimento. Já perdemos um paciente de 17 anos, e muitos outros não conseguiram também”, explicou o médico Gustavo Rapassi, especialista em transplante de fígado.
Doação de órgãos
Para ser um doador de órgãos e tecidos, é necessário comunicar à família sobre esse desejo. Em Mato Grosso do Sul, 406 pessoas aguardam por transplante de córneas e 171 pacientes aguardam por transplante de rim.
No Estado, os transplantes de rim e tecido músculo-esquelético (incluindo medula óssea) são realizados apenas em Campo Grande, e os transplantes de córnea são feitos na Capital e em Dourados. Para transplantes de órgãos e tecidos que não são realizados no Estado, os pacientes são encaminhados para locais onde o procedimento pode ser realizado.
Até o momento deste ano, Mato Grosso do Sul já realizou 139 transplantes de córnea e 22 transplantes renais. Além disso, um transplante de coração foi realizado, sendo que havia equipe e estabelecimento autorizados. A lista de espera é única e vale tanto para os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto para os da rede privada.
O Brasil possui o maior programa público de transplantes do mundo, realizado pelo SUS, onde cerca de 87% dos transplantes de órgãos são feitos com recursos públicos, garantindo que cada vez mais pessoas tenham uma melhor qualidade de vida. A estrutura é gerenciada pelo Ministério da Saúde, assegurando que cirurgias de alta complexidade sejam realizadas para pacientes da rede pública e privada, com igualdade de condições.
A coordenadora da Central Estadual de Transplantes da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Claire Carmen Miozzo, afirma que o transplante só é possível com a doação de órgãos e tecidos, que ocorre quando a família da pessoa falecida autoriza a doação. A comunicação prévia com a família é fundamental para garantir que o desejo do doador seja respeitado.
A atitude simples de informar que é doador pode salvar inúmeras vidas. Na data de 27 de setembro, é comemorado o Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos, e todo o mês é dedicado à conscientização sobre a importância de ser doador, sendo chamado de Setembro Verde.
Segundo a legislação brasileira, mesmo com a decisão da pessoa de ser doadora de órgãos, em caso de falecimento, a palavra final é da família. Portanto, o diálogo com a família e amigos é crucial para que o desejo seja respeitado.
A lista de espera segue critérios técnicos, como tipagem sanguínea, compatibilidade de peso e altura, compatibilidade genética e critérios de gravidade específicos para cada órgão. Em caso de igualdade entre pacientes, a ordem de cadastro funciona como desempate. Pacientes em estado crítico têm prioridade de atendimento devido à sua condição clínica.
O Brasil, por meio do SUS, possui o maior programa público de transplante do mundo, onde cerca de 87% dos transplantes de órgãos são financiados pelo setor público, proporcionando uma melhor qualidade de vida para cada vez mais pessoas. A estrutura é gerenciada pelo Ministério da Saúde, garantindo que cirurgias de alta complexidade sejam realizadas para pacientes tanto da rede pública quanto privada, proporcionando igualdade de condições.
A SES esclarece que todo o processo de doação de órgãos, desde a captação até o transplante, é conduzido de forma transparente e é supervisionado pelo Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde.
Como ser um doador
Para ser um doador, basta conversar com sua família sobre o desejo de ser doador de órgãos. No Brasil, a doação de órgãos só ocorre após a autorização da família. Existem dois tipos de doadores: vivos e falecidos. O doador vivo pode ser qualquer pessoa que concorde com a doação, desde que não prejudique sua própria saúde. Ele pode doar um dos rins, parte do fígado, parte da medula óssea ou parte do pulmão. Pela lei, parentes até o quarto grau e cônjuges podem ser doadores vivos, e não parentes só podem ser doadores com autorização judicial.
O segundo tipo é o doador falecido, que são pacientes com diagnóstico de morte encefálica, geralmente vítimas de catástrofes cerebrais, como traumatismo craniano ou AVC (derrame cerebral). Os órgãos doados são destinados a pacientes que necessitam de um transplante e estão aguardando na lista única definida pela Central de Transplantes da Secretaria de Saúde de cada estado, e controlada pelo Sistema Nacional de Transplantes.
A Central Estadual de Transplante atende 24h por dia pelos telefones (67) 3312-1400 / 3321-8877.
Natalia Yahn, Comunicação Governo de MS
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