Para visualizar eventos astronômicos, é importante estar em um local sem interferência de luzes artificiais. Por isso, os observatórios costumam ficar longe de grandes centros urbanos. Mas e quando essa luz artificial está no espaço? O brilhante satélite BlueWalker3 “reacendeu” esse debate.
Lançado em novembro do ano passado, o BlueWalker3 consegue ser mais brilhante do que a maior parte das estrelas no céu, ofuscando o brilho de outros objetos no espaço. O satélite sozinho não seria um grande problema, mas ele é apenas o primeiro de uma grande constelação da AST SpaceMobile. O alerta está presente em um estudo publicado na Nature nesta segunda-feira (2).
O que você precisa saber?
Número de satélites em órbita vem aumentando exponencialmente
A primeira empresa que criou um alerta no segmento foi a SpaceX, com a sua enorme frota de satélites Starlink. Outras empresas privadas também vem aumentando o número de módulos em órbita e existem uma infinidade de projetos para os próximos anos.
“A questão não é necessariamente aquele satélite. Mas que é um antecessor ou protótipo de uma constelação, então vai haver eventualmente, haverá muitos deles por aí”, a declaração é do astrofísico da Universidade de Illinois e autor do novo estudo, Siegfried Eggl, em entrevista ao New York Times.
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O estudo analisou o brilho do BlueWalker 3 com observadores de diversas partes do mundo. A conclusão é de que o satélite é tão brilhante quanto as estrelas Procyon e Achernar, duas das 10 mais luminosas do céu.
O módulo da AST SpaceMobile tem como objetivo fornecer internet e possui algumas diferenças em relação aos modelos da SpaceX. O BlueWalker pode se conectar diretamente com os aparelhos receptores, sem depender de antenas aqui na Terra, já que elas estão localizadas no próprio satélite, o que contribui para seu brilho exacerbado.
Eles são tão brilhantes que arruinarão imagens inteiras registradas com telescópios de grande escala, como o Observatório Vera Rubin, por exemplo
Siegfried Eggl
Em resposta ao jornal americano, a AST alegou que conta com uma frota muito menor do que a Starlink. A empresa diz que pode “fornecer cobertura global substancial com cerca de 90 satélites”, enquanto a rival possui mais de 5 mil objetos em órbita.
Os satélites da AST, entretanto, são 64 vezes maiores e brilhantes que um satélite Starlink. A empresa disse ainda que trabalha com astrônomos para reduzir o prejuízo de seus lançamentos nas observações espaciais.
Os pesquisadores defendem que existam regulamentações que controlem o volume de constelações brilhantes no céu. Atualmente os limites dependem única e exclusivamente das empresas.
“Não deveríamos ter progresso a qualquer custo. É como construir um empreendimento totalmente novo sobre um local histórico. Você não pode simplesmente fazer isso. Você tem que proteger essas coisas”, finaliza Tregloan-Reed, astrónomo da Universidade de Atacama, no Chile, e autor do estudo.
Fonte: Olhar Digital
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