O Aston Villa foi a grande notícia no fim de semana de futebol na Europa. A atuação contra o Brighton foi o ápice do time de Unai Emery. Apesar do hat-trick de Ollie Watkins, a performance do brasileiro Douglas Luiz chamou a atenção, principalmente em quem esteve mais atento às nuances táticas do encontro. Douglas vive o início de temporada mais goleador da carreira. E Emery tem muito a ver com isso.
Em seus trabalhos anteriores, o treinador espanhol sempre apostou no chamado double pivot (Parejo e Capoue foram exemplo disso no Villarreal semifinalista da Liga dos Campeões em 21/22). O duplo pivô nada mais é do que o uso de dois meias (volantes) para auxiliar a saída de bola, geralmente atuando de costas para o gol adversário, como um verdadeiro pivô, como no futsal.
A estratégia tem como premissa atrair a pressão alta do time adversário para o meio, buscando, com a capacidade criativa dos meias, uma rápida mudança para os corredores laterais com uma troca de passes rápida. Vamos analisar o Aston Villa, de Emery, para conseguir exemplificar bem esse movimento.
No 4-4-2 proposto por Emery com bola, o Aston Villa tem uma saída 3+2 na primeira fase de construção. O goleiro Emiliano Martínez participa dela com os dois zagueiros em uma saída sustentada. Os laterais abrem o campo, enquanto Douglas Luiz e Kamara aparecem criando linhas de passe no meio, de frente para seus companheiros de defesa, de costas para os marcadores adversários. Tanto o brasileiro, quanto o francês, têm muita facilidade em receber de costas, girando rápido para cima do marcador para progredir com bola se houver espaço, ou abrindo o lance pelos corredores laterais e, imediatamente, girando o corpo para criar uma nova linha de passe.
Formam-se, então, triângulos nos lados do campo, característica do jogo de posição. McGinn e Cash viram opções na direita, Digne e Zaniolo do outro lado. Os dois atacantes, de muita mobilidade, criam superioridade numérica quando o time avança ao último terço.
O Brighton, que tem como característica marcar com linhas altas, foi atropelado pela estratégia de Emery, que atraiu pelo meio com perfeição e avançou pelos flancos sem piedade. Watkins, que havia marcado apenas um gol na Premier League, fez três. E poderia ter feito mais…
Outra característica do jogo de posição de Emery é, também, a marcação sob pressão, com uma rápida reação a perda. Quando perde a bola, o time pressiona imediatamente tentando a recuperação. Assim, por exemplo, Watkins fez o segundo gol contra o Brighton, após uma recuperação de bola perto do meio-campo.
A movimentação de Douglas Luiz é fundamental para essa rápida reação a perda. No momento da pressão alta, a transição defensiva é feita em um 4-1-4-1, com Douglas avançado junto a McGinn, Zaniolo e Diaby.
Na fase ofensiva, o movimento de Douglas também ajuda a criar superioridade numérica no último terço. Passada a primeira fase de criação, o jogo evoluiu no mesmo 4-1-4-1, e o brasileiro avança uma linha para ser a referência criativa do time.
O gol contra o Brighton foi o primeiro de Douglas Luiz com bola rolando na temporada (os outros três, foram de pênalti). Mas seu protagonismo no jogo dos Villains é visto rodada após rodada, nos componente tático e técnico. Emery potenciou Douglas, e o Villa faz campanha de G4 da Premier League até aqui.
Fonte: Ogol
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